A frota das três maiores companhias aéreas brasileiras encolheu em pouco mais de cinco meses. E vai continuar diminuindo até o fim de 2016.
Até a metade de maio, 27 aviões haviam deixado as empresas, seja retornando para as arrendadoras ou ostentando a identidade visual de aéreas estrangeiras. A Azul e a Gol respondem por 25 aeronaves – a Latam completa a conta.
Esse movimento de saída está diretamente ligado à recessão econômica no Brasil. Com a redução na demanda por passagens aéreas, seja domésticas ou internacionais, as companhias têm registrado perdas desde o ano passado.
Para tentar equalizar as contas, sem esperar uma recuperação da economia, um dos caminhos tem sido reduzir a frota e, assim, otimizar o uso das aeronaves à disposição. Ou seja, um número de aviões compatível com a demanda.
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A reestruturação começou no ano passado, mas se intensificou a partir de fevereiro último. Desde então, a Gol perdeu 12 aviões – sete deles foram cedidos à holandesa Transavia e o restante foi devolvido a seus donos.
No caso da Gol, o plano de frotas prevê ainda a devolução e a cessão de mais oito aeronaves. Esse esforço, inclusive, conta com a assessoria da SkyWorks, especializada em negociações com arrendadores. O resultado esperado é economizar R$ 220 milhões.
No pacote de mudanças, a empresa também adiou o recebimento de aeronaves já negociadas com a Boeing. Das 15 previstas para chegar ao Brasil neste ano, apenas uma pousou e ficou por aqui. Foi um refresco para o caixa da companhia.
“Desde 2015, trabalhamos em uma série de iniciativas para lidar com as questões referentes a liquidez e estrutura de capital. Dentre elas estão a flexibilização do cronograma de entrega de aeronaves de 2016 e 2017, que passou de 15 para uma aeronave, o que resulta em um fluxo de caixa de até R$ 555 milhões para suporte no financiamento da oferta de troca de bônus”, explicou o presidente da Gol, Paulo Kakinoff, em conferência para investidores no início de maio.
Parceria estratégica
O momento econômico ruim do Brasil coincidiu com a investida do fundador da Azul, David Neeleman, na TAP – comprou 61% das ações da empresa junto com Humberto Pedrosa no consórcio Atlantic Gateway. E para embalar rapidamente a aérea portuguesa, usou a sinergia com a ‘parceira’ brasileira para renovar e modernizar a frota. Ao mesmo tempo, aliviou os cofres da Azul.
Dos 13 aviões que deixaram a brasileira em 2016, 12 tomaram o rumo de Portugal, com as cores da TAP e TAP Express – braço regional da companhia. E de todos os tipos: dois Airbus A330-200, cinco ATR-72-600 e cinco Embraer E190. Além desses, outros sete têm plano de voo para cruzar o oceano nos próximos meses.
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Ao contrário da Gol, no entanto, a Azul mantém os planos de incrementar a frota ainda neste ano. No segundo semestre, a empresa prevê a chegada de seis Airbus A320neo, como parte de uma encomenda de 63 unidades do modelo.
A manutenção dos planos de recebimento desses aviões está ligada ao aumento da capacidade de oferta de assentos que, acreditam os diretores da companhia, será importante para uma recuperação ainda em 2016.
Na contramão
O plano da Avianca Brasil, ao contrário das concorrentes, é não precisar se desfazer de aeronaves em 2016. Reflexo da renovação realizada no ano passado, quando retirou os Fokker 100 para padronizar a frota com aeronaves da Airbus, especialmente os A319 e A320.
“A companhia mantém estável a sua oferta de voos e o número de aviões neste momento e está acompanhando a conjuntura econômica e o comportamento do mercado”, informou a empresa em nota.
Dependendo dos desdobramentos econômicos, a empresa pode lançar mão do recebimento de dois Airbus A320neo no segundo semestre, conforme disse o vice-presidente Tarcisio Gargioni.
“Eles terão uma configuração de aproximadamente 180 assentos, o que permitirá à Azul ampliar sua oferta em mercados com alta demanda, além de melhorar sua performance em voos de longa distância dentro do país”, comunicou em nota a Azul, que hoje tem no Embraer E195 o avião com maior capacidade, para até 120 passageiros.
Plano conservador
Entre as três maiores aéreas do país, a Latam é a que tem o plano de reestruturação mais conservador. A previsão é que a empresa, incluindo todas as subsidiárias em outros países, retire 13 aeronaves da frota, sendo a maioria com matrícula brasileira.
Até agora, dois Airbus A320 deixaram a empresa, além de sete Airbus A330-200 que foram retirados de serviço como parte de um plano de modernização da frota – a aposta para a faixa de 220 passageiros está nos Boeing 767-300ER.
O planejamento da Latam para adequar o tamanho da frota de acordo com a demanda vai até 2018, com o atraso no recebimento de alguns aviões, principalmente os de longo alcance.
“Isto permitirá à companhia reduzir em quase 3 bilhões de dólares os compromissos de frota para o período de 2016 a 2018, o que representa uma diminuição de 37% em comparação com 2015”, informou a companhia em nota oficial, que reitera que ainda busca outras negociações para superar a economia dos 3 bilhões de dólares previstos.
Mesmo assim, a Latam seguirá recebendo aviões. Neste ano, já incorporou à frota três Airbus A321 e dois Airbus A350-900 – a previsão inicial é acrescer outros três A350 até o fim do ano.
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