A Embraer tem um importante desafio para os próximos meses: manter o cronograma previsto para o primeiro voo dos E-Jet E2 (a nova família de aviões da fabricante) no segundo semestre de 2016 e para as primeiras entregas no primeiro semestre de 2018.
Não é uma tarefa fácil, vide as dificuldades que os concorrentes estão enfrentando. Só neste mês, a canadense Bombardier anunciou o atraso na entrega do primeiro CS100 e a japonesa Mitsubishi Aircraft Corporation confirmou o adiantamento do voo inaugural do MRJ90. Sem contar que a Ilyushin Finance Corporation (IFC) que cancelou a compra de 32 aeronaves CS300 da empresa canadense.
Qualquer atraso nesse setor é visto com péssimos olhos pelas companhias aéreas. Quando compram aeronaves, programam toda a logística, rotas, leasings, devoluções de aviões, entre outros fatores. Qualquer coisa que altere essa cadeia, é muito prejudicial, principalmente do ponto de vista financeiro.
Certamente boas notícias para a Embraer. Mas também um aviso. Em um mercado tão concorrido e com novos players não há espaço para erros, muito menos para atrasos.
Por isso é fundamental que a empresa de São José dos Campos cumpra os prazos definidos e divulgados para os clientes em carteira e também para os potenciais compradores das aeronaves brasileiras.
A Embraer já voa com uma família de sucesso, mas tem apostado fortemente nos E-Jet E2, que é mais do que uma versão remotorizada dos atuais E175, E190 e E195 — o E170 ficou de fora da atualização —, é quase um avião novo, com desenhos e sistemas diferentes e mais modernos.
E salvo novos atrasos pelos lados da Bombardier e da Mitsubishi, os E-Jets E2 vão voar depois dos concorrentes. O que torna ainda mais importante o cronograma em dia. Vender aviões que já voam é mais fácil do que vender algo virtual, um projeto na prancheta.
E, claro, apesar dos atrasos dos concorrentes, elas são marcas de peso, principalmente a Bombardier. Mesmo a Mitsubishi, estreante no ramo, já tem um retorno bom de mercado, conquistando clientes, inclusive em mercados que a Embraer tem boa entrada, caso dos Estados Unidos.
Ou seja, nada de brincadeira em São José dos Campos. O mercado já avisou.
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Abaixo um gráfico com a faixa de assentos e a concorrência entre Embraer, Bombardier e Mitsubishi.
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