A Avianca Brasil é uma companhia aérea discreta. E isso faz muito bem a ela. Dessa forma, ela pode crescer em um ritmo constante sem chamar muito a atenção de suas concorrentes. E ao mesmo tempo oferecer um serviço de qualidade aos passageiros, em geral, fiéis.
A empresa, que foi fundada em 2008 como táxi-aéreo usando o nome de OceanAir, foi autorizada a voar regularmente em 2002. Dois anos depois, passou a ser controlada pelo grupo Synergy, dos irmãos Efromovich, que também é a controladora da Avianca da Colômbia, entre outras. Aí que as coisas começaram a mudar.
Desde 2010, ano em que passou a se chamar Avianca Brasil, não para de crescer. De 2,54% de participação no mercado doméstico naquele ano, contabiliza hoje 8,9%, no acumulado de janeiro a março de 2015. Só a Azul avançou mais nesse período.
Além do dinheiro – claro -, o que permitiu esse crescimento foram os Fokker 100 que vieram da American Airlines. Ao apostar nos aviões de 100 lugares, a empresa passou a oferecer mais assentos frente aos Fokker 50 e Embraer EMB-120 que compunham a frota.
Outro ponto-chave foi a padronização. Em 2008, por exemplo, a Avianca Brasil chegou a ter seis modelos diferentes em operação (Boeing 737-300, Boeing 767-300, Embraer EMB-120, Fokker 50 e Fokker 100). “Era a fórmula ideal para levar o nosso negócio para o buraco”, reconheceu o presidente da empresa, José Efromovich, em palestra na Universidade Anhembi no final de abril.
Ao compreender que era necessário uniformizar a frota, a empresa começou a apostar nos aviões da Airbus. Primeiro vieram os A319 em 2010, depois os A318 e agora os A320 começam a dominar.
Com esses aviões, a companhia aérea aumentou a oferta de assentos. Na soma, em 2009 eram 1.400 assentos disponíveis na frota. Hoje são 5.942. Dos 30 lugares nos EMB-120, a empresa agora pode acomodar 162 passageiros nos A320, a um custo operacional mais baixo.
A frota atual da Avianca conta com 46 aeronaves, mas ainda terá a adição de novos A320 ao longo do ano. Dois já estão voando em testes na França (PR-OCM e PR-OCN) e devem chegar ao Brasil ainda neste mês. Outros mais estão na linha de montagem para se juntarem à empresa.
Apesar da adição dos novos A320, a Avianca Brasil deve praticamente zerar os Fokker 100 da frota ao fim de 2015. O processo de phase-out do modelo começou no ano passado.
Na frota, a Avianca ainda conta com um Airbus A330 para transporte de cargas. Com uma aeronave desse porte e especificamente para esse fim, amplia a oferta de cargas, fator importantíssimo para a composição de receita das companhias aéreas.
Exatamente por essa padronização e oferta de mais assentos por avião que a companhia aérea espera continuar crescendo. Talvez não tanto quanto gostaria devido à estagnação econômica do país, que afeta diretamente o público prioritário da Avianca Brasil, que é de pessoas viajando a trabalho.
“Para nós será um ano bastante desafiador, um ano que não prevemos crescimento em termos de estrutura, apesar de um crescimento pequenos que teremos porque vamos os substituir os aviões de 100 passageiros para aviões de 160 passageiros”, explicou Efromovich em evento da Panrotas em março.
Com aviões de maior capacidade, a Avianca Brasil tem reestruturado a malha de rotas, buscando mercados mais rentáveis. Um deles é Congonhas. A empresa tinha 24 slots, mas ampliou para 40 no fim do ano passado. Mais recentemente, já pediu autorização para novos voos, inclusive ligando Curitiba a Guarulhos.
Outro ponto importante para o crescimento da Avianca Brasil é a entrada na Star Alliance, o que deve ocorrer até julho. Assim, vai poder “usar” parceiros para rentabilizar com voos de conexão.
É difícil imaginar que a Avianca Brasil desbanque TAM, Gol e Azul no curto ou médio prazos. Nem é esse o objetivo, e sim ser a melhor. Faz sentido.
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