É praticamente impossível quantificar o preço de um slot (horários de pousos e decolagens) no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, o mais concorrido e saturado do Brasil. Por não ser um bem adquirido, não consta em demonstrativos financeiros. O certo é que vale muito, mas muito dinheiro.
Isso porque operar no aeroporto central da capital paulista é o desejo de todas as companhias aéreas brasileiras. É a mina de ouro. Ali está a grande demanda pelo transporte aéreo regular. E dali saem e chegam voos de outros dos principais destinos da malha aérea brasileira, como Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, Curitiba e Porto Alegre. Com isso, as tarifas tendem a ser mais altas exatamente pela procura.
Ter a oportunidade, então, de pousar e decolar em Congonhas é um baita negócio para as empresas aéreas. Gol e TAM cresceram e dominaram o mercado doméstico muito em razão desse aeroporto. Ao adquirir outras empresas, foram ganhando espaço ali. Foi assim quando a Gol comprou a Varig e a TAM arrematou a Pantanal.
Sem concorrência e com a quase totalidade dos slots (94% atualmente), usaram do jeito que quiseram, inclusive não oferecendo necessariamente serviços de pontualidade e eficiência aos passageiros.
Agora terão de ceder algum espaço, digo algum, porque a redistribuição dos slots proposta pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e divulgada nesta sexta-feira (26) não devee alterar muito o cenário atual, tanto que Gol e TAM não demonstraram preocupações com essa movimentação.
De acordo com a Anac, serão de 2 a 3 novas autorizações por hora em um primeiro momento. O máximo até então eram 30 slots por hora (antes do acidente da TAM em 2007, esse número ultrpassava os 40). Agora serão 32 ou 33, que devem ser divididos entre Azul e Avianca, já que a prioridade é para as chamadas empresas “entrantes”, que tenham no máximo 12% de operações no aeroporto, o que as duas estão bem longe.
Os critérios da Anac levam em conta também a participação no mercado doméstico. E isso privilegia nitidamente a Azul. Hoje, a companhia aérea tem 16,8% de participação no mercado interno, enquanto a Avianca tem 8,3%. Na disputa cara a cara, a Azul deve levar vantagem.
A Avianca, aliás, já havia reclamado desses critérios. Por outro lado, a concorrente não viu problema algum. “O governo tem o direito de dar os slots para quem quiser. Se eles querem dar para a gente, não vejo problema nisso. Hoje nós temos muito mais mercado do que a Avianca e eles têm 12 voos diários em Congonhas. E querem mais. A nossa entrada em Congonhas vai aumentar a concorrência, e isso é bom para o mercado”, disse recentemente o fundador e CEO da Azul, David Neeleman, ao jornal Estado de São Paulo.
Espera-se apenas que o maior beneficiado seja realmente o passageiro. Com alguma nova concorrência, a consequência deve ser um barateamento nas tarifas. E que o passageiro não seja penalizado pela infraestrutura mediana de Congonhas, que já está saturado, e ficará ainda mais a partir de agora.
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