Completando 70 anos de funcionamento neste domingo (24), o aeroporto Afonso Pena carregou durante todo esse tempo um fato que não lhe cabe: o de que foi construído propositadamente em uma área de nevoeiros e que isso seria um trunfo de guerra.
Levantado durante a Segunda Guerra Mundial, entre abril de 1944 e maio de 1945, com a colaboração de engenheiros do Exército dos Estados Unidos, o aeroporto em São José dos Pinhais poderia acabar sendo usado como base militar tanto do Brasil como das forças armadas norte-americanas, engajadas no conflito contra os países do Eixo.
A formação de nevoeiros ajudaria, então, para ‘esconder’ o complexo dos aviões inimigos. Mas não seria uma decisão muito inteligente.
“Seria uma faca de dois gumes escolher um local com denso nevoeiro. [O aeroporto] Não seria avistado pelos inimigos, mas quando os aviões voltassem de uma missão, como pousariam se tivesse nevoeiro?”, questiona Edilberto Gassner, que trabalhou no Afonso Pena por 41 anos e resgatou histórias do no livro O Aeroporto e Eu.
Vale lembrar que na década de 1940, os equipamentos de navegação eram precários, ainda mais comparados com os de hoje. Nem se pensava em ILS (Sistema de Pousos por Instrumentos), que permite pousos com visibilidade e teto restritos.
Além disso, escolha do local começou ainda no fim da década de 1930, antes da entrada dos EUA e do Brasil na guerra, ou seja, seria um aeroporto para uso civil e não militar.
A primeira tentativa de construir um aeroporto mais moderno e espaçoso que o Bacacheri (já defasado para operações comerciais) foi no Guatupê, onde hoje é a Academia da Polícia Militar. Um decreto do presidente Getúlio Vargas, inclusive, pedia a desapropriação de uma área de 15.100.800 metros quadrados. Não aconteceu por falta de recursos.
Mais tarde, com a entrada do Brasil na Segunda Guerra, a oportunidade de erguer um novo aeroporto reapareceu, dessa vez com verba de sobra do Ministério da Aeronáutica. E a região onde ficava a Colônia Afonso Pena, repleta de imigrantes poloneses, alemães e japoneses, foi a eleita. Não pelo nevoeiro, mas por razões puramente técnicas.
“É questão técnica. A área para construir um aeroporto precisa ser avaliada no aspecto do relevo geográfico para permitir os procedimentos de pousos e decolagens. Precisa ser um platô livre e desimpedido”, completa Gassner.
E a Colônia Afonso Pena respondia por esses quesitos. O relevo era plano e estava em uma região mais alta que nos arredores. Os ventos predominantes permitiam a construção de duas pistas longas para a época (1.800 metros de comprimento).
O único problema – não de ordem aeronáutica – era a ligação terrestre com o centro de Curitiba. Não havia uma estrada ou avenida asfaltada que chegasse até o aeroporto. Fato que gerou vários transtornos aos passageiros nos primeiros meses de operação do Afonso Pena.
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