As frotas de aviões das companhias aéreas brasileiras estão entre as mais jovens do mundo, com uma média de apenas 6,7 anos. Ter aeronaves novas é muito mais uma necessidade do que um desejo de Avianca, Azul, Gol e TAM de estarem na vanguarda. É o único caminho para manter o mínimo de eficiência operacional e, consequentemente, ter um melhor resultado financeiro.
Os altos preços do querosene de aviação, que correspondem a cerca de 40% dos custos operacionais, obrigam as empresas a terem aviões mais econômicos, que consumam menos combustível em relação a modelos de uma geração anterior. No Brasil, o galão de querosene de aviação fica entre 4 e 5 dólares. No resto do mundo, a média é de 3 dólares.
Em outros países, como nos Estados Unidos, as frotas são mais antigas, mas se sustentam porque o preço do combustível é administrável. Fica mais barato operar aviões de geração anterior do que investir em novos modelos.
“Os níveis de investimento são colossais, mas se isso não for feito, as companhias aéreas brasileiras não terão máquinas modernas e não poderão sobreviver”, analisa o consultor técnico da Associação Brasileira de Empresas Aéreas (Abear), Maurício Emboaba.
Diante disso, as operadoras brasileiras precisam manter as frotas com máquinas eficientes. É o que a Avianca está fazendo ao substituir os Fokker 100 (MK-28), que já passam dos 20 anos, por modelos Airbus. Ou a Azul, que está se desfazendo dos ATR 42-500, com quase 20 anos, e adquirindo alguns ATR 72-600. A Gol e a TAM também fazem isso constantemente com seus Boeing 737 e Airbus A320, respectivamente.
É atuando dessa forma que as empresas brasileiras mantêm frotas jovens. A Azul, por exemplo, é a que tem aviões mais novos (4,4 anos de média). Ou seja, a probabilidade de voar em um avião praticamente novo é muito grande quando se opta pela Azul. Depois aparecem TAM (6,8), Gol (7,1) e Avianca (8,5). Aliás, a maioria da frota brasileira está situada entre 1 e 5 anos. Veja abaixo como elas se situam na comparação com as principais companhias do mundo.
Isso significa que é mais seguro voar no Brasil do que em outros países porque por aqui os aviões são mais novos? Não. Idade não tem relação com segurança. E também não tem nada a ver com conforto.
As companhias aéreas que operam aeronaves mais antigas fazem constantes atualizações e modernizações, tanto na parte operacional, como na cabine de passageiros. E as manutenções são minuciosas. “No primeiro mundo, onde se operam aviões antigos, os padrões de manutenção são altíssimos e o interior dos aviões está em perfeito estado de conservação”, destaca Emboaba.
Claro que, por ser uma máquina, o avião tem data de validade. Alguns podem durar 20 anos, 30 anos ou muito mais. Depende de várias situações, como a quantidade de pousos e decolagens, ciclos de pressurização, padrões de operação, etc.. Isso tudo afeita a estrutura das aeronaves.
“Uma aeronave sofre muitos tipos de esforços quando está em operação: pousos, turbulências, acelerações (fator carga), pressurização e despressurização, manobras, e outros.
A estrutura é feita para suportar tais esforços, mas não vai poder suportá-los para sempre, há um limite prático para isso”, lembra o professor e instrutor de voo, Jonas Liasch Filho, no blog Cultura Aeronáutica.
Em resumo. Não há risco algum por voar em aeronaves mais antigas. Aliás, não há relação nenhuma de acidentes fatais com a idade dos aviões. Os únicos que estão perdendo ao operar esses modelos são as próprias companhias aéreas, no caso do Brasil. Para o passageiro, não há diferença. O que importa são os padrões de segurança adotados. E estes são cada vez mais altos.