Há muitos anos, a expressão “a tecnologia é um mal necessário” corre pela web. Muitas vezes, nos deparamos com vídeos virais que nos fazem rir, exemplos de superação que nos dão um ar de esperança, mas uma Youtuber norte-americana comprovou que os limites da internet – e da necessidade de atenção – não estão mais delimitados. E isso é preocupante.
Nesta quinta (29), a jovem Monalisa Peres, 19, topou gravar um vídeo com o seu namorado Pedro em uma missão audaciosa (e burra demais!): com uma pistola Desert Eagle de calibre 50 em mãos, a garota atirou contra ele, que segurava uma enciclopédia (pensando que ela seguraria a bala).
Uma tia do menino envolvido no caso, Claudia Ruiz, chegou a alertar para o casal não fazer o “experimento”. “Eu disse não faça isso, não faça. Por quê você vai usar uma arma? Por quê?”. A resposta era simples: “Porque queremos mais espectadores”.
Com um canal que tinha a intenção de mostrar “a vida real de um casal jovem que são pais adolescentes”, Monalisa e Pedro nos trazem a verdadeira faceta dos jovens youtubers dos dias atuais: a necessidade desenfreada de ter mais seguidores e curtidas nas redes sociais. Acho que já está na hora de rever isso aí.
Um manifesto pelo fim dos Youtubers
Antes de mais nada, quero pedir desculpas aos Youtubers que conseguem dialogar de forma saudável com seus públicos – e nitidamente sabem diferenciar a importância de se estabelecer diálogo com as pessoas e a necessidade de ser popular. É muito legal encontrar vlogs de jovens ensinando a cozinhar, indicando livros, contando notícias de uma forma engraçada. O mundo ainda precisa de vocês.
Mas nesse momento, com este caso bizarro, um aspecto precisa de reflexão: até que ponto curtidas em um post dizem mais sobre você do que uma boa ação? Por que ser ganhar milhares de likes em uma única foto no Instagram representam uma mente que tem sonhos, alegrias e, principalmente, defeitos?
Por isso, muitas vezes, sonho com o fim de Youtubers. Como jornalista, já tive a oportunidade de conversar com alguns – e são poucos os que conseguem serem autênticos depois de verem salas de cinema lotadas para ver seus filmes ou auditórios de teatro entupidos para tirar fotos suas no palco. São raros os jovens youtubers que não se deixaram levar pela fama.
Assim, eu só queria pedir um pouco mais de honestidade dos Youtubers – ou o fim deles. Milhares deles aparecem em seus vlogs com risadas, piadas maravilhosas e… mas e a sua realidade? Cadê o rosto limpo? Cadê a verdadeira conversa com a pessoa do outro lado da tela?
Enquanto essa geração de jovens não conseguir tirar as máscaras e conversar de fato, falando sobre problemas que assolam a nossa sociedade (depressão, ansiedade e tantos outros males), teremos mais Monalisas e Pedros brigando para alcançar milhares de inscritos com experimentos inacreditáveis. Menos filtros, mais cara limpa.