O renascimento das cervejas nos Estado Unidos é um baita exemplo. E, sem dúvida, uma inspiração para o meio cervejeiro nacional. Após a Lei Seca, na década de 30, o país reconstruiu a cultura e a indústria de cervejas americanas, calcado em valores próprios, no jeito deles, constituindo uma nova escola cervejeira atualmente. A bebida virou motivo de orgulho nacional por lá assim como, creio, será por aqui.
Sendo assim, resolvi homenagear a data de hoje, 4 de julho, Independência dos EUA, fazendo esse post com sete cervejas americanas que gosto. Não há uma ordem para dizer qual é a melhor, nem mesmo um julgamento de valor para dizer que essas seriam melhores que outras. É, sim, uma lista pelo meu gosto pessoal e vivência.
E antes que se pense besteira, não, não defendo uma colonização de sabores – ou cultural – deles sobre nós. Sim, valorizo muito as cervejas brasileiras e nosso movimento – aliás, quem me acompanha sabe que é sobre o que mais escrevo aqui no Bar do Celso. E, sim, adoro outras escolas cervejeiras.
Dito isso, vamos lá:
Brooklyn Lager
Gosto muito das cervejas da Brooklyn. Há várias, ousadas, diferentes, carismáticas como o próprio mestre cervejeiro, o Garrett Oliver. No entanto, é na mais simples que vejo a grandeza dessa cervejaria. Porque acredito que fazer o simples é bem mais difícil. Um bom molho ao sugo é sinal de uma boa comida italiana, assim como um bom “carro-chefe” é de uma cervejaria. E se eles cuidam tão bem da mais simples, o que não fazem então com as mais complexas? Trata-se de uma cerveja de baixa fermentação do estilo Vienna com agradáveis notas de lúpulos cítricos e florais no aroma, garantidos por dry-hopping. Bem balanceada pelo dulçor do malte, é refrescante e ao mesmo tempo super saborosa. Minha harmonização preferida com ela é um suculento cheeseburger.
Rogue Yellow Snow
Cerveja que preza pelo conjunto, essa American Índia Pale Ale (IPA) não tem pontas soltas. Nada sobra nem falta, ao estilo americano, claro. Ou seja, generosa dose de amargor de lúpulo – uma bela pancada! Sabor lembra também o frutado, mas não adocicado demais. Final seco e levemente condimentado, picante. Harmonizaria, mas com cuidado, com pratos condimentados, como comida mexicana e tailandesa. Chili poderia ser uma ótima pedida.
Bear Republic Racer 5 IPA
Novíssima no Brasil, chega ao mercado no fim de julho. Premiada em festivais de cerveja artesanal norte-americanos, vale a pena provar. Figura sempre entre as listas de melhores dos EUA. Bem balanceada (acho que aqui está o segredo), consegue equilíbrio entre grande quantidade de lúpulo e malte. No aroma, o cítrico e o floral dos lúpulos prevalecem, com certo ar resinoso, que é confirmado na boca, com alto amargor. Porém, o malte também aparece bem, gerando uma sensação equilibrada com corpo médio. Final refrescante e amargor duradouro. Vai bem com carnes vermelhas, pratos apimentados, mas acho que fica legal mesmo é sozinha.
Ballast Point Sculpin IPA
Mais uma das novas, também premiada e em várias listas de melhores dos EUA. É mais limpa e mais frutada do que a Racer 5, com corpo mais leve também. Lembra damasco, pêssego e também limão no aroma. Na boca, além do amargor, as características de malte aparecem bem, mas em segundo plano, com um pouco de biscoito e caramelo. Final limpo e amargo. É uma cerveja agradável e não tão agressiva quanto algumas outras americanas típicas.
Sierra Nevada Torpedo IPA
Apesar de falarem muito da Pale Ale da Sierra Nevada, foi a Torpedo que acertou em cheio meu coração. Infelizmente ainda não comercializada no país, degustei em um jantar aqui em São Paulo ao lado do simpático Steve Grossman, embaixador da cervejaria. Ele veio negociar exportações e, se dermos sorte, talvez tenhamos Sierra Nevada no Brasil em meados de 2014. A Torpedo traz no rótulo “Extra IPA”, e é uma American IPA de primeira. Dizem que a mais copiada dos EUA pelos homebrewrs e não é difícil achar receitas de clones na internet. Fugurinha cativa nas listas de melhores, possui colocação mais escura, puxando para o âmbar, aromas cítricos, florais e resinosos de lúpulos americanos. No gosto, equilíbrio perfeito entre malte e lúpulo, com amargor e doçura se complementando. O corpo é médio e a carbonatação é boa, dando refrescância. No final, um amargor agradável e persistente.
North Coast Old Rasputin
Recém-chegada, essa Imperial Stout é quase um consenso. Cerveja densa, negra, de corpo alto, o líquido escorre licoroso para o copo, formando uma espuma bege. No aroma, malte torrado, café, chocolate amargo, frutas secas, toffee e madeira, com amargor herbal de lúpulo numa bela combinação. O gosto é amargo, de torrado e lúpulo, mas equilibrado com dulçor, que segue até o final, longo e persistente. O álcool é presente, mas bem inserido. Um presente dos deuses da cerveja. Além das sobremesas a base de chocolate, pode arriscar com base de frutas vermelhas, crème brulèe, pana cota, cheesecake…
Founders Breakfast Stout
Um café da manhã completo! Ótima Imperial Stout, como a anterior, balanceando bem amargor de lúpulo e malte torrado, com um belo toque do álcool. Corpo é cremoso, acentuado pela aveia, com aromas de café e chocolate amargo com lúpulo herbal. O final é amargo e persistente, pedindo mais um gole, e outro, e outro…
E você? Qual a sua seleção de cervejas americanas para hoje?
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