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[Olá, pessoal. Novo ano e novas contribuições para outras seções do jornal. Essa crônica foi originalmente publicada no domingo (9) no Viver Bem. Espero que gostem desse novo papo de boteco]

Sempre estranhei a expressão “caiu do céu”. É difícil entender porque usamos uma frase tão ameaçadora para coisas que vêm de graça. Sim, ameaçadora. Ou vocês nunca imaginaram presentes, por exemplo, caindo feito chuva? O risco mais eminente é de ser “presenteado” com uma concussão ou até traumatismo craniano.

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Isso para não falar de “está chovendo canivete”. Alguém já imaginou? Se acontecer, pode prender São Pedro por homicídio culposo. Em inglês, o equivalente é mais inofensivo, mas não menos maluco: “it’s raining cats and dogs”. Chamem a Sociedade Protetora dos Animais, por favor, que o velho porteiro do céu está ficando maluco, é cruel com os bichinhos.

Claro, tudo isso é uma espécie de licença poética que vem da imaginação fértil do ser humano. No cinema, onde a criatividade rola solta e quase tudo é possível, já vi chover sapos em Magnólia e sanduíches em Tá Chovendo Hambúrguer.

Mas o mundo real também tem lá suas coisas bizarras e que descobrem que Lei da Gravidade vale para todos, e tudo. Minha grande lição a esse respeito foi quando minha janela caiu do sexto andar do prédio. Queria que essa história fosse só uma metáfora, mas não é. A janela desprendeu da esquadria e caiu feito folha da árvore, escorregando pelo ar de um lado para o outro até acertar o chão. O porteiro do turno, seu Daniel, além de alguns vizinhos, ficou minutos tentando entender o que aconteceu. E eu também, confesso. Descobri nesse momento também um novo sentido para a expressão “a casa caiu”.

Por sorte, o incidente ocorreu em um domingo à noite e as crianças não brincavam mais no local. Como consequência, fiquei mais de um mês passando frio – isso tudo foi no auge do inverno – com apenas um plástico vedando a janela. Recuperei a janela, mas demorou para achar as peças que haviam quebrado. E, além do incômodo, não saiu barato.

Eu achava que essa história era exótica o bastante e me preparava para escrever uma crônica sobre o fato quando soube que um carro “caiu do céu”. Mais especificamente do quinto andar de um prédio do Centro de Maringá, atravessando a parede. Esse mundo está ficando de pernas para o ar. Protejam suas cabeças!

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