[Nesta quinta-feira (12), na página semanal do Bom Gourmet, foi publicada uma pequena entrevista minha com o mestre cervejeiro holandês criador da famosa Kaiser Bock. No entanto, como o espaço é pequeno, muita coisa ficou de fora. Coloco aqui no blog a versão completa para quem quiser saber mais]
Ao chegar a um jantar no Conservatorium Hotel, em Amsterdam, o holandês Paul Bleijs, 53 anos, mestre cervejeiro e diretor da fábrica da Heineken de Den Bosh, uma das mais complexas da Europa, cumprimenta os jornalistas com um sonoro “boa noite” em pleno português e sem sotaque. E não parou por aí. Durante toda a refeição Paul só falou a língua dos convidados. “Estou meio enferrujado”, chegou a se desculpar, sem necessidade.
Nós éramos um grupo de jornalistas que estava na Holanda à convite da grande cervejaria para conhecer as fábricas e acompanhar o processo de produção do barril da Kaiser. A curiosidade da maioria com o bom português de Paul se satisfez quando ele contou sua história de envolvimento com o Brasil: morou com a família entre 1992 a 1997 em Jacareí, em São Paulo, onde coordenou o centro tecnológico da Kaiser e adotou duas filhas gêmeas. A minha só aumentou, principalmente porque Paul deixou escapar que foi o criador da Kaiser Bock, uma das cervejas comerciais de larga escala de mais interessantes do mercado brasileiro.
Curitiba é a cidade do Sul do país que mais consome essa cerveja da Kaiser, que hoje é sazonal, só sendo comercializado no inverno. Estilo alemão de cerveja “forte”, como era chamada antigamente, não precisa ser consumido só na estação mais fria do ano, mas vai muito bem pois tem teor alcoólico mais elevado e é mais encorpada. A curiosidade me fez entrevistar Paul sobre a cerveja, e ele falou da sua criação e da relação com o país, que adora e ainda visita.
Gazeta do Povo: Você se mudou para o Brasil com toda sua família. O que você achou do país?
Paul Bleijs: Acho que o Brasil é um país fantástico, com pessoas muito calorosas. Como família, sentimos falta da cultura, das praias e comida, principalmente o churrasco! Desde que saímos, em 1997, voltamos a cada dois anos para que as meninas experimentem a cultura brasileira e se orgulhem de seu país de nascimento.
Como foi a criação da Kaiser Bock? Qual foi a proposta?
Na época, estávamos procurando trazer uma cerveja tradicional, de sabor forte e receita autêntica. Um tipo de cerveja para ser consumida durante o inverno, para clima mais frio. O produto foi desenvolvido usando o conhecimento em receita da Heineken, juntamente com a equipe da cervejaria no Brasil. Assim, em 1994, lançamos a famosa Kaiser Bock. Eu ainda me lembro das pessoas que trabalhavam na cervejaria vindo observar a cor durante a filtração do mosto. A cor era ainda mais intensa do que a do vinho tinto, um vermelho profundo. Foi uma experiência fantástica ver essa cerveja sendo desenvolvida.
Você mencionou que outros rótulos também foram criados nessa época. Quais foram?
Tivemos outros rótulos como Kaiser Weiss e Cerveja Copa de 1994, uma cerveja Lager ligeiramente mais forte. A proposta foi inovar a oferta de cervejas com receitas autênticas para o mercado brasileiro.
Hoje em dia, você coordena uma produção muito complexa em Den Bosch. Qual é a principal diferença entre então e agora?
A diferença é que o foco agora é na excelência da cadeia de suprimentos, uma vez que exportamos 65% do volume que produzimos aqui. Nós temos 52 tipos diferentes de cervejas que são fabricadas e engarrafadas, o que é um grande desafio diário. No Brasil, o foco era lidar com crescimento e, depois que o mercado de cerveja passou a crescer rapidamente em volume, o grande desafio foi acompanhar a demanda do mercado e ainda inovar por meio das cervejas.
Como você vê o Brasil nesse mercado mundial de cerveja?
O Brasil é um mercado importante agora e, acredito, também será no futuro. A demanda dos consumidores e a prosperidade econômica farão com que mais pessoas possam comprar as nossas cervejas. Como um mestre cervejeiro, eu realmente acredito que a inovação se tornará ainda mais importante para os consumidores.
Quais são seus planos futuros? Você quer inventar outras cervejas?
Planejo continuar a trabalhar na cadeia de suprimentos no setor de cerveja. Meu coração está na fabricação de cerveja, o que me dá ainda muita energia. Por isso, vou continuar nesse caminho. O que há de apaixonante em uma cervejaria é permanecer inventando novas cervejas – o que fazemos o tempo todo aqui.
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