[Esta coluna é do Caderno Bom Gourmet, publicado nesta quinta-feira (8). Foi escrita pelo meu querido colega Carlos Coelho. O suplemento sai toda a segunda quinta-feira do mês, aqui na Gazeta do Povo. Degustem]
Se por um lado o mundo das bebidas é rodeado por aqueles que não abrem mão da elegância dos vinhos, por outro, é a despretensiosa e informal cerveja quem ocupa lugar de destaque. Para agradar a ambos os paladares, apenas três cervejarias no mundo – uma delas a brasileira Eisenbahn – apostam em uma mescla que vem conquistando território: as bière brut, cervejas feitas pelo mesmo método desenvolvido para produzir champanhes. Com o sabor que lembra a tradicional bebida francesa, são um complemento ideal para comemorações e refeições leves.
A fabricação não é simples. As cervejas passam pelo método champenoise, que é usado na região de Champagne, na França, para a produção do champanhe, e no resto do mundo para a fabricação de espumantes e frisantes. “Ela é submetida a uma segunda fermentação dentro da própria garrafa”, diz Cilene Saorin, mestre cervejeira e presidente da Associação Brasileira dos Profissionais em Cerveja e Malte.
Na primeira fase, assim que a bebida previamente fermentada chega à garrafa, recebe mais levedura e açúcares. Logo depois vem a maturação. “As garrafas devem ser giradas e inclinadas todos os dias. Um processo bastante conhecido por amantes do vinho”, diz Cilene. Ele se repete de três meses a um ano. Quanto mais tempo é maturada, melhor fica a bebida. O resultado é uma cerveja com sabor e aroma frutados, geralmente tendendo para o cítrico. “Ela ganha o mesmo aspecto do espumante, com borbulhas bastante intensas.”
Tanta semelhança com os vinhos duplamente fermentados tornam as bière brut uma opção aos espumantes, champanhes e frisantes. O bier sommelier Marcelo Vaz aconselha também servi-las em taças flûte, para conservar o aroma. A temperatura também é semelhante. “O ideal é entre 2 e 4 graus”, diz. Para harmonizar, nada melhor do que frutos do mar e pescados, queijos (principalmente gouda, brie e camembert) e risotos com molhos mais suaves. “Ela também serve de bebida para recepção em um coquetel ou para reuniões informais, com pequenos petiscos.”
Disponibilidade
Apesar da produção trabalhosa, as cervejas feitas pelo método champenoise não são mais uma raridade no Brasil. Com o aumento do mercado das cervejas gourmet, a importação e distribuição estão se tornando mais fáceis, explica Cilene Saorin.
A microcervejaria Eisenbahn, de Santa Catarina, tem dois rótulos disponíveis: a Lust e a Lust Prestigie. Ambas dividem o mercado com as belgas Deus e Malheur, encontradas em lojas especializadas. O preço ainda é a maior barreira para o consumo. Pela produção dispendiosa, a mais barata delas (Eisenbahn Lust) custa perto de R$ 100 e pode ser comprada em supermercados.
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