Uma cerveja feita a seis mãos. Essa é a São Sebá, a paranaense que venceu na semana passada a 3ª edição do Concurso Mestre Cervejeiro da Eisenbahn, um dos maiores do país. Apesar de no papel estar somente em nome do empresário Sandro Sebastião Singer, 33, ela é fruto de uma produção em conjunto com o publicitário Carlos de Manuel, 34, e o analista de sistemas Ricardo Ponestke Seara, 32. Nesse caso, explicam eles, a união e amizade podem ter sido o verdadeiro diferencial. Um por todos, todos por um?
“Com certeza! Para a gente fazer cerveja juntos é a mesma coisa que tomar cerveja juntos. Uma questão de amizade”, diz Carlos. E foi assim desde a primeira leva, em janeiro de 2009. Desastrosa experiência, lembram. “Fizemos a cerveja sem ter nem termômetro! Era tudo improvisado. E, claro, não terminou bem. Ficou, no máximo potável”, conta Ricardo. Mas a partir da terceira ou quarta tentativa as coisas começaram a se acertar, os equipamento melhoraram e o conhecimento se ampliou após alguns cursos.
Para a cerveja do concurso decidiram fazer uma boa pesquisa de estilo antes. Analisaram outras 7 do mesmo tipo e elaboraram uma receita que deveria unir o melhor de cada uma. Como algumas belgas tem codimento, Carlos, que também gosta de cozinhar, decidiu trazer também alguns temperos para a reunião. Receita pronta, partiram para a produção na Bodebrown Cervejaria e Escola, para que nada fugisse do controle. A São Sebá foi finalizada em três versões. No sorteio, cada um ficou com uma. Sandro tirou a sorte grande.
A campeã concorreu com outros 54 rótulos de cervejeiros caseiros de todo o país. Trata-se de uma Belgian Dubbel, escura, com grande formação de espuma, predominantemente maltada e sem muito amargor. O aroma é frutado, remetendo à banana, caramelo e café, descrevem os três mosqueteiros. Já o curioso nome veio do próprio Sandro, também conhecido como Sebá. A parte divina ficou por conta da tradição: como muitas cervejas belgas levam o nome de santo, a cerveja virou São Sebá.
A união permaneceu na premiação. Foram receber a honraria juntos em São Paulo, apesar de só Sandro ter recebido passagem e hospedagem. “Juntamos todos os custos, descontamos o que a gente já tinha e dividimos igualmente entre os três, para que todos pudessem estar lá. Foi emocionante e gratificante. Pensando em cerveja artesanal, é quase a mesma coisa que ganhar o Campeonato Brasileiro”, conta Sandro.
Carlos enfatiza ainda que esse é um prêmio que mostra que o Paraná tem uma produção de cerveja artesanal equivalente a de outros estados. “Foi muito bacana trazer esse título para cá. É hora de bater o caneco na mesa e dizer que temos cerveja artesanal de qualidade”, diz Carlos. Agora ela será produzida, em edição limitada de 3 mil litros, na fábrica da Eisenbahn, em Blumenau (SC), e comercializada pelo Grupo Schincariol, detentor da marca. Ainda não há previsão de quando ela chegará ao mercado.
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