Era o último dia das férias. Aquela sensação de cansaço já tomava conta do corpo e a cabeça começava gradualmente a restabelecer uma conexão com a rotina diária para a qual voltaria em breve.
Havia uma certa tensão de errar na escolha, mas não havia mais tempo para hesitação. Era naquela hora ou talvez nunca mais.
O lugar havia sido muito bem recomendado, ainda que as pessoas tivessem sido bastante sinceras em relação ao quão excêntrica seria a experiência. Decidi encarar, ainda que um pouco apreensiva.
Por volta das 10 horas, entrei por uma portinha, no tal do Çemberlitaş Hamamı. Dei uma leve travada, mas tive que disfarçar a tensão ao fazer o primeiro contato com a atendente, que apresentou as três opções disponíveis na casa: “Self Service”, por 22 euros, “Traditional Style”, por 35 euros, ou “Luxury Style”, por 55 euros.
Não fazia a menor ideia do que seria um banho turco “self service” e, com o euro na casa dos R$ 4,50, não estava disposta a pagar quase R$ 250 pelo tal estilo luxuoso.
Por isso, na dúvida, achei melhor ficar no meio termo, com o tal do conceito tradicional.
Fui encaminhada para uma salinha, onde deveria me trocar e, na sequência, levada para um amplo salão, bem quente, uma verdadeira sauna que me remetia diretamente aos palácios dos antigos sultões do Império Otomano.
Fiquei lá, deitada, observando com o canto dos olhos outras mulheres vivendo aquela experiência, até que chegou a minha vez de receber (seria esse o verbo?) o aguardado banho turco.
Depois de tanta ansiedade e apreensão de estar entrando numa baita cilada, finalmente me dei conta de que não havia nenhum motivo para qualquer nervosismo para encarar uma espécie de massagem e relaxei a ponto de torcer para que aquele momento não se encerrasse tão cedo.
Você tem medo de quê?
Toda nova vivência tende a despertar calafrios, um medo de se frustrar e de se arrepender. É absolutamente natural. E é por isso que nos cercamos de todos os cuidados.
Na minha pequena experiência de férias, tive a preocupação de “googlar” o local do banho turco para checar avaliações de outros usuários, pedi opiniões de conhecidos e vi qual seria o tamanho do investimento financeiro para mensurar o risco para, então, ver com meus próprios olhos como seria.
Foi assim também quando resolvi saltar de paraquedas, quando decidi mergulhar pela primeira vez, quando mudei de escola, quando troquei de emprego, e por aí vai.
Arriscar implica assumir uma escolha que pode dar certo ou errado e que tem sempre um custo.
Por isso que é fundamental estar ciente do preço máximo a se pagar por uma decisão equivocada.
Dito isso, confesso que fico chocada ao ler vez ou outra comentários dos tradicionais ressabiados com a Bolsa.
Estou falando daquele tipo que critica, esperneia, aponta o dedo, mas que provavelmente nunca investiu um centavo em ações. Chama de cassino, sem sequer ter perdido um tostão no mercado.
Se você tem medo e quer torcer contra, torça, mas não me venha com o discurso de que só tubarão consegue ganhar na Bolsa, que o pequeno investidor não tem chance para se dar bem, que o mercado de capitais é só para milionário…
Sinceramente, já cansou.
Bolsa não é mesmo para todo mundo, afinal, quantos têm condições ou estão dispostos a entrar num mercado cientes de que poderão perder todo o dinheiro aplicado?
Mas para aqueles com algum dinheiro para poder perder, paciência e apetite para arriscar em busca de retornos mais gordos, não há mais tempo a perder.
Quer especular? Especule.
Quer investir com o foco no longo prazo? Invista.
Quer entrar na Bolsa para garantir dividendos livres de Imposto de Renda? Entre.
O que não dá é passar uma vida inteira ouvindo ou falando bobagem por puro medo de investir.
Bolsa em números
É sabido que o período de 2010 a 2015 castigou bastante o mercado de capitais, mas quem resolveu confiar na retomada nos últimos anos têm tido motivos de sobra para sorrir. E mesmo com toda instabilidade deste ano, por ora, o Ibovespa acumula alta de 16% em 2018, ante uma variação da ordem de 6,5% do CDI (leia-se, da renda fixa).
Apesar do avanço do referencial da Bolsa brasileira, é claro que não são todas as ações que sobem no ano – até segunda-feira (5), 39 dos 65 papéis do Ibovespa tinham alta.
Entretanto, se topasse correr um pouco de risco, você já poderia ter tido um ganho acima de 70% com Petrobras, de 43% com a Vale ou de nada menos que 116% com Magazine Luiza em 2018.
“Ah, mas eu não entendo nada do mercado, não sei qual é a hora para comprar ou vender e nem tenho tempo para acompanhar a Bolsa”, você pode alegar.
E o que impede você de acessar um bom fundo de ações, com gestores exclusivamente dedicados a encontrar boas oportunidades?
Um dos fundos queridinhos dos investidores, que carrega um risco considerável em sua carteira, subia cerca de 30% neste ano, a um custo mínimo de aplicação de R$ 1 mil. Esse dinheiro lhe faria falta em caso de prejuízo?
Eu acho que tem gente que vive se autossabotando, com medo de viver o novo, de se arriscar. A preocupação em perder leva essas pessoas a abrirem mão de ganhar.
Espero que, de agora em diante, você pense duas vezes antes de continuar na zona de conforto, se satisfazendo com pouco. Seu futuro agradece.
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