O Banco Central dá a largada nesta semana, com a revelação nesta quarta-feira (depois de este artigo ter sido escrito), para as reuniões de 2019 do Copom. Para quem não sabe, o Comitê de Política Monetária é responsável por decidir a cada 45 dias o rumo da taxa básica de juros.
O mercado financeiro não espera nenhum anúncio surpreendente. Depois de cortar a taxa básica de juros de 14,25% para 6,5% entre outubro de 2016 e março de 2018, o Copom tem mantido a Selic em seu piso histórico estável ao longo das últimas seis reuniões. E hoje a história não deve ser diferente.
Uma hora, no entanto, o cenário deve mudar. À medida que a economia brasileira volte a crescer, é de se esperar que o Banco Central tenha que agir, leia-se, aumentar a taxa de juros, de olho no controle da inflação, o principal foco do Comitê.
Há, contudo, quem enxergue espaço (ou simplesmente torça) para mais cortes da Selic, diante de um IPCA sob controle. Deu gosto ver o índice oficial de inflação encerrar 2018 com alta de 3,75%, apenas 0,80 ponto percentual acima dos 2,95% registrados em 2017, e com uma inflação de apenas 0,15% em dezembro, a menor variação para o mês desde o início do Plano Real.
Mas vale lembrar que uma inflação baixa também é resultado do desaquecimento da economia e da alta taxa de desemprego que ainda assola o Brasil, portanto, nada a comemorar por esse ângulo.
Por ora, as expectativas para a inflação seguem bem ancoradas, ou seja, sob controle, em linha com a meta. Segundo o boletim Focus mais recente, o mercado financeiro projeta uma inflação de 3,94% neste ano e de 4%, em 2020. Com um crescimento de apenas 2,5% do PIB em cada ano, a perspectiva é que a Selic só suba em 2020, quando deverá encerrar no nível de 8%, na previsão dos agentes financeiros.
Traduzindo em miúdos
Ainda é cedo para comemorar. A inflação sob controle é fundamental para a economia brasileira, mas a atividade precisa voltar a crescer. É necessário que a confiança ressurja, que as contratações aumentem e que o atual nível de juros seja sustentável no longo prazo. Que este novo governo faça reformas que tenham impacto substancial em nosso desenvolvimento, com efeito no longo prazo. Ninguém aguenta mais derrapadas…
Enquanto acompanhamos o início do novo governo, você precisa ter algumas questões em mente ao lidar com seu dinheiro.
A primeira delas diz respeito ao seu rendimento financeiro. Como você pode observar, ninguém espera uma mudança drástica na taxa Selic tão cedo. Logo, já passou da hora de você colocar na cabeça que não dá para ter 100% do dinheiro aplicado na renda fixa, com retorno atrelado ao CDI (que anda lado a lado com a Selic). Você tem ganhado pouco com seu CDB, seu fundo DI ou sua LCI e tem deixado de aproveitar a melhora da renda variável. Ou você não está de olho no Ibovespa perto de atingir os 100 mil pontos?
O segundo ponto a ser considerado é que o momento tem sido favorável para renegociar dívidas. Juros baixos desanimam o investidor mais conservador, mas são um estímulo para quem pode adiantar o pagamento de um empréstimo ou, ao menos, busca condições mais favoráveis.
Se pensarmos que, há pouco mais de dois anos, os juros básicos estavam na casa dos 14% ao ano, fica claro como os tempos atuais estão bem mais animadores. Não à toa, o Banco Central revelou que, em 2018, a portabilidade de crédito aumentou quase 70%.
E para aqueles que estão dispostos a ir às compras, o momento também permanece positivo. O poder de negociação dos privilegiados está em suas mãos, seja para negociar a aquisição de um imóvel, de um carro ou de outro bem de consumo de valor relevante. Atente-se ao fato de que, assim como o período atual está difícil para a pessoa física, também está desafiador para as empresas. Use essa vantagem a seu favor e passe a enxergar os juros baixos como um verdadeira aliado.
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