Toda vez que a autora que lhes escreve entra em férias e tem a oportunidade de conhecer diferentes países e culturas, uma questão, imprescindivelmente, vem à tona: por que os brasileiros tratam seu dinheiro de forma tão diferente do resto do mundo? Seja nos Estados Unidos, na Europa ou até no Oriente Médio, região de onde escrevo a coluna desta semana, o discurso mais recorrente para se ganhar dinheiro é o do puro, simples e árduo trabalho. Muito trabalho.
Viver de renda, dos frutos dos investimentos financeiros, é um sonho distante, exclusividade dos trilhardários, ainda que a cultura de se aplicar o dinheiro possa, sim, estar presente no dia a dia. Veja, não se trata de restringir o mercado aos mais abastados, pelo contrário, mas de não se esperar efetivamente parar de trabalhar apenas como resultado de investimentos feitos na Bolsa ou na renda fixa.
No Brasil, a história sempre mostrou outras possibilidades. Há casos de parentes ou amigos que ganharam uma fortuna com as ações do Itaú, que conseguiram comprar um carro depois de resgatarem o lucro obtido no Tesouro Direto ou que puderem viajar para o exterior colhendo os frutos de uma aplicação bem diversificada. Calma, ninguém está dizendo que todo brasileiro ganha rios de dinheiro no mercado financeiro e que tem o luxo de parar de trabalhar.
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É fato, entretanto, ainda que desconhecido de grande parte da população, que qualquer um pode ter acesso a investimentos que paguem MUITO a partir de um capital baixo. Que outro país do mundo entregou juros na casa dos dois dígitos durante um período tão longo fazendo a alegria dos mais conservadores? Em que lugar, investindo a partir de R$ 30, você teria conseguido praticamente dobrar seu dinheiro em sete anos – caso de quem investiu em um título público prefixado no início de 2017?
Tudo isso com um preço ainda alto para o país, é claro. Já tivemos inflação exorbitante, juros nas alturas, custo de financiamento gigante e por aí vai. O Brasil é um país de privilégios e privilegiados, todo mundo sabe. Mas por que é que tanta gente que faz parte deste seleto grupo deixa o dinheiro embaixo do colchão, na poupança, só em CDB ou LCI ou em fundo DI?
Por que é que tantos resistem a compreender como o mercado de capitais pode servir de alavanca para o crescimento, para a realização de planos, complementando a renda obtida com o suado salário? Mesmo com os juros baixos, ainda hoje é possível fazer dinheiro fácil, sem grandes esforços, dinheiro esse que pode tornar sua vida mais tranquila.
Claro que não se trata dos desempregados, dos endividados ou daqueles que não conseguem ter uma sobra ao fim do mês. Mas quantas são as pessoas que passam uma vida repetindo os passos dos pais, com uma história de medo de se arriscar e de ter dinheiro guardado na poupança?
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Antes, investir bem era luxo. Hoje se trata de uma escolha para uma parte relevante dos empregados brasileiros. Com R$ 30 você consegue comprar títulos públicos e garantir um retorno anual acima dos 5% ao ano mais a inflação. Traduzindo, você pode investir hoje R$ 30 mil e receber mais de R$ 70 mil, acrescidos da inflação, daqui a 17 anos. Você também pode comprar a ação que mais subiu na Bolsa neste ano por apenas R$ 41 ou o fundo imobiliário destaque de 2018 por menos de R$ 10.
Sabe, domingo tem eleições e anda difícil falar de economia quando os olhos estão todos voltados para a política. O que é absolutamente compreensível. Mas o que precisa ficar claro é que, com o seu candidato eleito ou não, o destino do seu dinheiro continuará em suas mãos.
E ainda será apenas uma escolha sua assumir os privilégios de se investir num país ainda em desenvolvimento como o Brasil, ou esperar uma ajuda dos céus, já que do governo todos sabemos que não virá.Torço para que você não se deixe abater pela política e opte em cuidar do que é seu. Já passou da hora.
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