O Festival de Berlim deu início hoje à programação de sua comemorativa 70ª edição com a exibição de “My Salinger Year”, de Philippe Falardeau, em estreia mundial. A cidade, por seu lado, já está abarrotada, sob um frio ameno e sem neve.
Falardeau está de volta à Berlinale, onde já havia apresentado seu filme “C’est pas moi, je le jure” (não sou eu, eu juro) na mostra Geração, em 2009 quando ganhou o Grand Prix do júri internacional Generation Kplus – o Urso de Cristal para melhor filme. O diretor também escreveu e dirigiu Monsieur Lazhar, indicado ao Oscar e The Good Lie, estrelado por Reese Witherspoon.
“Estou emocionado que “My Salinger Year” abra a Berlinale 2020. Não poderíamos esperar uma estreia mundial melhor. No passado, a Berlinale estreou com filmes maravilhosos de diretores consagrados. Nem preciso dizer o quanto estou honrado por estar nessa lista. Tenho boas lembranças do festival, onde um dos meus filmes foi exibido na Geração em 2009”, lembrou Falardeau de 52 anos.
O filme, com um elenco de peso que inclui Sigourney Weaver e Margareth Qualley, teve uma sessão prévia para a imprensa, que antecede à sessão de gala à noite no Palácio dos Festivais.
Numa trama bem articulada, a história segue a aspirante a poeta Joanna (Qualley) que trabalha como assistente da agente literária Margaret (Weaver). Sua principal tarefa é responder ao correio de fãs do cultuado autor J.D. Salinger, orgulho da agência.
A lotadíssima coletiva após a projeção foi muito divertida.
Falardeau começou explicando que, da mesma forma que a personagem do filme, ele ainda não tinha lido Salinger até escrever o primeiro rascunho.
“Mas quando o li, eu mesmo fiquei surpreso de ter gostado tanto da obra e ter decidido fazer “My Salinger Year””, ressaltou.
Weaver – sempre muito aplaudida pela plateia – manifestou sua motivação para viver a agente literária, principalmente depois que leu o livro no qual o filme é baseado.
Respondendo à pergunta de um jornalista se já tinha tido alguma mudança significativa em sua vida, Qualley respondeu:
“Sim, quando eu tinha 16 anos fui para Nova York, quando vivi uma experiência bem semelhante à que acontece no filme”, revelou a atriz.
Júri oficial
Pela manhã, Jeremy Irons – Presidente do Júri da mostra oficial - fez apresentação do seu corpo de jurados que é constituído de
A atriz Bérénice Bejo (Argentina / França)
A produtora Bettina Brokemper (Alemanha)
A diretora Annemarie Jacir (Palestina)
O dramaturgo e cineasta Kenneth Lonergan (EUA)
O ator Luca Marinelli (Itália)
O cineasta Kleber Mendonça Filho Brasil
Carlo Chatrain disse que a Berlinale está honrada por ter Irons nesta edição de aniversário.
“Seu talento e as escolhas que ele tomou como artista e como cidadão me fazem orgulhoso em recebê-lo como presidente do júri da 70ª edição de Berlim”, ressaltou Chatrain.
O ator, por sua vez, disse que é uma honra e um grande prazer assumir o cargo de Presidente do Júri Internacional do evento.
“A Berlinale é um festival que admiro há muito tempo e que sempre gostei de participar. Estar em Berlim para o Festival será uma oportunidade não apenas de estar na cidade, mas também assistir aos filmes deste ano, bem como poder discutir seus méritos com os colegas do júri”, ressaltou Irons, que é um dos atores consagrados do mundo internacional do cinema e teatro.
Irons atualmente pode ser visto como Ozymandias, na série da HBO Watchmen.
O Brasil no Júri da Mostra Oficial
Mendonça Filho expressou seu pesar pelo falecimento do diretor José Mojica Marins ocorrido ontem (19.02), aos 83 anos e, conforme entrevista que já havia dado à Gazeta do Povo quando recebeu o convite do festival, reiterou o significado de estar participando do júri da Mostra Oficial da Berlinale e da certeza de como isso foi bom para o Brasil, principalmente neste momento em que tornou-se necessário ressaltar a importância da cultura para o País, em face da desastrosa política que está sendo desenvolvida para a área.
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