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Semana passada só se falou sobre a pesquisa com os beagles. Estava muito atarefada e consegui fazer apenas um post (peço, inclusive, desculpa aos leitores do blog). Como fiz um texto sobre o assunto para o domingo passado, decidi colocá-lo aqui também, para encerrar o assunto, pelo menos por enquanto.

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Uma questão de compaixão

A ciência ainda não evoluiu o suficiente para acabar de vez com os testes em animais na indústria farmacêutica. Isso é fato. Estava estampado em todas as páginas de jornais que falaram sobre o resgate dos 178 beagles do Instituto Royal pelos 100 ativistas na semana passada. Mas também é certo que os pesquisadores podem, mesmo que a longo prazo, mudar o cenário e eliminar de vez o uso de bichos. É o que querem os defensores.

Para tanto, é preciso que haja pressão. Os europeus já entenderam isso. No começo do ano, a União Europeia proibiu todo tipo de pesquisa com animais na indústria de cosméticos e agora há mobilização para mudar também a realidade dos testes de medicamentos. Para isso, seja lá ou aqui, é necessário levantar o debate que muitas vezes só se faz com enfrentamentos de ideias e conquista da opinião pública, sejam legalmente legítimas ou não. Não se trata de apoiar a violência. Mas seguir o protocolo nem sempre dá resultados. A sociedade sabe disso.

Quem defende veementemente a proibição dos testes em animais está, na verdade, pedindo que as pessoas parem e questionem: o homem é mesmo superior a todas as outras espécies? E, se for, isso lhe dá o direito de fazer o que quiser com elas em seu benefício? Parece que pensar assim vai contra um dos sentimentos que a racionalidade – tão exaltada por quem acha que homens podem explorar os animais a seu favor – confere às pessoas, que é a compaixão.

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Um outro ser precisa ser igual a nós cognitiva e emocionalmente para que o respeitemos? Se for assim, a capacidade humana de amor e compaixão é, no mínimo, bastante limitada e não se dá conta de que explorar de forma desmedida o outro não é apenas falta de amor, mas crueldade.

É contra ela que os protetores protestam. Ninguém quer humanizar animais. Ninguém quer substituir as crianças por eles. Ninguém quer que eles dominem o mundo e que as pessoas morram porque temos de torná-los invioláveis. O desejo é de respeito, limite, de entender que um bicho sofrendo dentro de um laboratório é tão grave que merece agilidade e prioridade da ciência para arrumar outras soluções.

Ver a sociedade acomodada por achar que um animal serve para isso mesmo é a grande dor dos defensores. A humanidade já pensou assim, não precisa pensar mais. A racionalidade nos dá esse poder de parar, refletir e mudar. Não se trata de igualar a importância dos seres, mas de acabar com a dor do outro, seja ele semelhante ou não.