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Sobre  cavalos abandonados
| Foto:
Anderson Tozato /Tribuna do Paraná
O animal, que está cego, chegou a tomar chuva e aguentou dias de muito sol

Escrevo para o Blog Animal há pelos menos dois anos e fiz matérias para o Caderno Animal – que hoje virou uma página semanal no Viver Bem – por um ano. Durante esse tempo vi muitas histórias de cavalos abandonados e maltratados. Hoje, por meio de um colega de trabalho, soube de mais uma e resolvi fazer um post expondo minha opinião sobre o assunto.

A história de hoje foi a de um cavalo abandonado na Vila das Torres, que além de machucado estava com uma infecção na região genital que a deixou inchada, arrastando no chão. Segundo me contaram, algumas crianças jogaram pedra no animal. Então antes de fazer este post entrei em contato com a Sociedade Protetora dos Animais de Curitiba (SPAC)e pedi que checassem o caso, já que é a única ONG de Curitiba que recolhe cavalos.

Felizmente soube que o animal foi retirado da rua e encaminhado ao Hospital Veterinário da Universidade Federal do Paraná (UFPR) para tratamento. Ele teve sorte, só que infelizmente não é isso que acontece com a maioria. Por se tratar de um animal de grande porte e não ter para onde levar, muita gente costuma não se importar. Então o bicho fica jogado no mato, doente, magro e muitas vezes ainda apanha ou é apedrejado pelas pessoas que moram no entorno.

Confesso que isso é uma das situações que mais me afetam em relação à proteção animal. Fico realmente muito triste e indignada não só por se tratar de uma situação de violência, mas porque no caso do cavalo, as pessoas têm a coragem de usar a força dele para carregar carrinho de papel e outros trabalhos pesados e depois abandoná-lo doente, sem cuidado, comida e água.

Na minha concepção de bondade, amor ao próximo e respeito aos animais isso é inconcebível. Entendo que nem todos têm informação e condições sociais suficientes socorrer um cavalo abandonado, mas acho que acima de tudo é uma questão de humanidade. Usar um animal até seu esgotamento físico e depois jogá-lo na rua é, para mim, pura crueldade.

Tão triste quanto é que os órgãos competentes, como a Secretaria de Meio Ambiente, por exemplo, não dão conta do recado. Se alguém achar um cavalo maltratado e entrar em contato com ela vai ser transferido exaustivamente para vários setores e até outros órgãos, que no final vão alegar que não têm lugar para abrigar um animal de grande porte. Nem mesmo a eutanásia, que deve ser feita caso o cavalo esteja agonizando e não exista tratamento, é feita rapidamente pelo poder público. Antes que um veterinário vá até lá, ele vai sofrer por dias e dias.

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