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*Marcos Xavier Vicente, enviado especial ao Rio de Janeiro

 

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Lidar com os motoristas dos ônibus oficiais que conduzem a imprensa na Rio-2016 não tem sido tarefa fácil.

Falta de informações, alta velocidade e, principalmente, mau humor por parte de quem leva e traz os jornalistas para os locais de prova têm sido rotina.

Após uma semana caótica aqui no Rio, agora as coisas começam a se ajeitar. Até então, eu e o fotógrafo Albari Rosa passamos por momentos inusitados.

Duas vezes os motoristas dos ônibus oficiais – ressalte-se, oficiais! – passaram direto por mim e o Albari no ponto, mesmo eu tendo feito sinal com a credencial para eles pararem. Uma foi quando fomos fazer reportagem na Vila Olímpica dos atletas e precisávamos voltar para o centro de imprensa no Parque Olímpico da Barra da Tijuca. Outro, foi em um dos pontos do transporte olímpico em Copacabana.

Nessa, uma moça que esperava a condução do transporte público no mesmo ponto resumiu o panorama: “Se para vocês está assim, imagina para a gente no dia a dia. Aqui é normal ônibus não parar para estudante, que os motoristas acham que fazem bagunça, e idosos, que eles acham que demora demais para embarcar”.

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Mas o ápice das “gentilezas” dos motoristas foi quando eu e o Albari perguntamos a um motorista se o ônibus iria para a região do nosso hotel. O cidadão não só não fez questão de não responder, como ainda deu uma bronca na gente. “Vocês que têm que saber. Os nomes das ruas que o ônibus passa eu não sei, não”, contestou delicadamente o motorista.

O inusitado é que alguns minutos depois, com o ônibus já em movimento, o mesmo motorista me chama e pergunta: “Amigão, é por essa rua mesmo que eu tenho que ir? O trajeto é esse?”. Restou a mim e ao Albari rir e confirmar que a rua era aquela mesma.

Mas há exceções.

Segunda-feira, a caminho do Parque Radical, em Deodoro, na zona oeste do Rio, para entrevistar os canoístas paranaenses Felipe Borges e Ana Sátila, enfim, nos deparamos com um excelente profissional.

Vitalino Santana Filho não só deu todas as informações que precisávamos da linha, como ainda nos explicou os pontos mais importantes das provas de Deodoro, o segundo principal complexo da Rio-2016, ficando atrás apenas do Parque Olímpico em quantidade de competições. Vitalino ainda foi gentil em reduzir a velocidade várias vezes para o Albari fazer fotos.

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Mas o melhor estava por vir. No bate-papo, o “motora” gente boa ainda nos contou que era um dos 91,5 mil torcedores no Maracanã que assistiram à final do Campeonato Brasileiro de 1985, em que o Coritiba foi campeão nos pênaltis em cima do Bangu.

“Eu sou Botafogo, doente. Mas naquela época era normal a gente ir em tudo quanto era jogo no Maracanã”, explica. E vai além: “Quando o jogador do Coritiba ajeitou a bola para cobrar a falta, eu senti aquele gol. Foi algo incrível, eu tinha certeza que o cara ia fazer o gol”, relata o momento de vidente que previu da arquibancada do velho Maraca o gol do atacante Índio no empate em 1 a 1.

Pena que ao chegar na vila dos atletas em Deodoro, descobrimos que nenhum ônibus nos levaria aos locais de prova do complexo. As linhas só passarão a funcionar três dias antes do início das competições.

O jeito de ir e voltar dali até o Parque Radical  foi pegar um táxi – que só podia ser de uma empresa, credenciada para circular na região bloqueada pelo Exército. Não está sendo fácil…