Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo| Foto:
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Duas semanas antes de o americano Michael Phelps aparecer para competir na Rio-2016 repleto de manchas circulares nos ombros, uma cena parecida podia ser observada no Clube Pinheiros, em São Paulo.

O setor de fisioterapia do clube tinha vários atletas sendo tratados com a terapia fire cupping, também conhecida como ventosaterapia, que consiste em usar copos de vidro aquecidos para criar uma sucção no corpo e melhorar a circulação sanguínea do local

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Diminuição de edemas e aceleração da recuperação muscular, por exemplo, seriam alguns dos benefícios da técnica milenar criada na China.

“Na fisioterapia do Pinheiros todo mundo fazia. Nos ombros, nas pernas, costas”, relata a esgrimista paranaense Amanda Netto Simeão, que terminou a preparação olímpica no clube paulista.

“Fiz ventosa no joelho que torci. Tentamos todos os recursos possíveis para a recuperação ser mais rápida. Meu joelho não ficou roxo, mas doeu por dois, três dias. Melhorou bastante, diminuiu o edema. É eficaz”, afirma a atleta, que competiu com o ligamento do joelho rompido.

Para o mestre e doutor em fisiologia do exercício Turíbio Leite de Barros, no entanto, o efeito da ventosaterapia pode ser mais psicológico do físico. Ele questiona não haver estudo que prove os benefícios do firecupping. Ainda mais no caso de um método tão antigo, com relatos do ano 3.000 a.C.

“O princípio da ventosa é antigo, típico da medicina oriental, mas o fato é que ninguém apontou uma evidência científica consistente sobre seus resultados”, analisa.

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“É muito fácil o atleta dizer que melhorou porque se sentiu melhor. Não dá para afirmar que há resultado convincente. Pode ser até um efeito placebo”, compara o médico.

Turíbio, que foi fisiologista do São Paulo por 25 anos, concorda que a exposição de Phelps deu uma grande visibilidade para a terapia chinesa. A fama, entretanto, pode ir embora tão rápido quanto chegou.

“É claro que se o Phelps usou, para muita gente isso terá um valor absurdo. Mas daqui a um mês, é muito provável que ninguém mais lembre”, opina.