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Eutanásia infantil: a coragem que faltou ao rei da Bélgica

Rei Felipe, da Bélgica. Graças a ele, crianças podem pedir para morrer e, se os pais concordarem, serão atendidas (foto: Laurent Dubrule/Reuters). (Foto: )

Para quem não leu ontem, posto aqui trechos do editorial da Gazeta do Povo de domingo (09/03) sobre a absurda sanção da eutanásia infantil pelo rei da Bélgica. O episódio é mais uma amostra de quão fundo pode ser o poço quando a dignididade humana é relativizada por desonestos malabarismos semânticos.

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Rei Felipe, da Bélgica. Graças a ele, crianças podem pedir para morrer e, se os pais concordarem, serão atendidas (foto: Laurent Dubrule/Reuters).

Rei Felipe, da Bélgica. Graças a ele, crianças podem pedir para morrer e, se os pais concordarem, serão atendidas (foto: Laurent Dubrule/Reuters).

A eutanásia já não poupa as crianças

 

Apesar dos apelos de parte da população belga, de entidades médicas e até de cidadãos de outros países – como a pequena Jessica Saba, canadense de 4 anos que nasceu com uma severa má-formação cardíaca e gravou um vídeo –, o rei da Bélgica, Felipe, sancionou na semana passada a lei que estende a eutanásia a crianças. O Senado do país tinha aprovado a lei em dezembro de 2013, e os deputados fizeram o mesmo em fevereiro, remetendo o texto para a assinatura real. A Bélgica tornou-se, assim, o primeiro país a eliminar qualquer restrição etária para a eutanásia, em mais uma triste vitória de uma mentalidade que trata o ser humano como descartável e traça linhas entre as vidas que merecem ser vividas e as que podem ser eliminadas.

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O tio de Felipe, o rei Balduíno, abdicou do trono belga em 1990 para não ter de assinar a lei que legalizava o aborto no país. É triste que o atual monarca não tenha a mesma compreensão a respeito do valor da vida humana, especialmente quando ela está mais vulnerável, devido à doença. Ninguém deseja que uma criança em estado terminal seja mantida viva a qualquer custo – a obstinação terapêutica que prolonga desnecessariamente a vida e o sofrimento de pacientes também merece condenação. Mas defender a atitude oposta, de agir para abreviar a vida de um doente terminal, baseada num conceito completamente distorcido de “dignidade”, é um passo na direção da desumanização de uma sociedade.

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