O instituto de pesquisas Gallup, dos Estados Unidos, está divulgando ao longo do mês de maio os resultados de um levantamento sobre o que pensam os norte-americanos sobre questões morais. Uma das questões mais interessantes do questionário é a pergunta a respeito do que o entrevistado acha que a maioria pensa. O contraste entre a percepção individual e a realidade constatada é especialmente chamativa quando se trata de aborto.
A pesquisa mostrou que 48% da população se define como pro-life e 45% como pro-choice. Entretanto, 51% dos entrevistados acha que a maioria da população é favorável à legalidade da prática, revelando uma percepção equivocada da opinião pública sobre o assunto. Somente 35% dos participantes respondeu que a maioria é pró-vida.
Eu me arrisco a especular algumas causas e consequências dessa discrepância. A primeira é a de que a inclinação da grande mídia norte-americana para a posição pro-choice – como foi explicitado recentemente pela omissão no caso Gosnell – influencia muitos norte-americanos pró-vida a pensarem que são minoria, quando na verdade formam o maior grupo.
Outra conclusão é a de que, embora essa influência afete a percepção sobre o que os demais pensam, não afeta tanto as convicções individuais de quem julga. Mesmo assim, parece-me razoável cogitar que esses números seriam bem mais positivos para o lado pró-vida se essa multidão, que se imagina pequena, passasse a se enxergar como representante legítima do pensamento majoritário nos Estados Unidos. As manifestações de massa, como a que houve em janeiro, parecem-me uma boa ferramenta para despertar essa noção.
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