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A segunda época da educação

No segundo Videocast de Vida e Cidadania, os jornalistas José Carlos Fernandes, Aniela Almeida e Tatiana Duarte debatem os rankings de educação e impacto causado por eles no sistema de ensino. Assista ao vídeo:


A terra da gasosa

(Assista ao primero Videocast de Vida e Cidadania, sobre os 20 anos do Estatuto da Criança e do Adolescente)

Pódio, ranking, “melhores e piores”, “os primeiros” – eis palavrinhas e expressões que para educadores de fina-cepa soam como um insulto. Para mestres modernos – da era pós-Paulo Freire – tornar público o desempenho dos alunos se tornou um crime que lesa a educação, um procedimento tão retrógrado quanto usar a palmatória e as orelhas de burro.

Não causa espanto que tantos e tantos tenham reagido com quatro pedras nas mãos às políticas de avaliação implantas pelo Ministério da Educação, particularmente a partir de 2005, quando os processos se refinaram e se tornaram um caminho sem volta. Dia de divulgação de notas é evento nacional.

Dirceu Portugal / Gazeta do Povo
Escola São José, em Peabiru: cidade é exemplo de qualidade na educação pública no Paraná.

Se o impacto de ver o desempenho de uma escola numa listinha, por ordem de desempenho, provoca engulhos em professores formados nas mais sólidas teorias educacionais, que dirá ao ver o assunto nas manchetes dos jornais, lugar cativo de crimes hediondos e políticos odiosos. Pois é, foi um deus nos acuda. A imprensa abraçou os rankings – Provão (agora transformado em Enade), Prova Brasil, Ideb, Saeb, Enem –, passou a produzir estatísticas e a publicar notícias com os resultados.

Nem sempre acertou – é bom que se diga. Não é de hoje que a lógica da escola, pautada no formigueiro, e a da imprensa, que procura onde estão as formigas assassinas, se estranham feito Tom e Jerry. Mas, verdade seja dita, os rankings ajudaram a imprensa a se aproximar da escola, trazendo a reboque toda a sociedade. O remédio amargo, quem diria, tirou as pautas de educação dos rodapés.

Não há medidores seguros, mas aumentou sobremaneira o número de reportagens de educação, feitas, diga-se, com a propriedade dedicada aos grandes temas. Aiaiai – aconteceu que a fragilidade e a potencialidade de muitas escolas ganharam os jornais, chegando à casa do cidadão comum, virando assunto no café da manhã. Ponto para todos, entre mortos e feridos.
O conflito, contudo, não está resolvido. O ranking ainda soa como algo agressivo, um corpo estranho na educação. Não raro os jornais, revistas e televisões acabam sendo acusados de promover o pódio de notas e de se nutrir dele, revelando assim sua enorme incompreensão do que seja o ensino e a pesquisa.

Tem lá o seu fundo de verdade. Assim como é verdade que os rankings e sua publicação na imprensa voltaram o olhar do país sobre as escolas. Isso é bom. Assim como qualquer outro setor, as instituições de ensino precisam dar respostas, melhorar seus métodos, alcançar objetivos e serem transparentes. Pode ser que a notas de uma prova não deem conta disso. Mas, por ora, é um instrumento à mão. Poderão vir outros. E não restam dúvidas de que a imprensa – dado o aprendizado dos últimos anos – vai abraçá-los.

***Dê sua opinião e assista ao vídeo sobre tema, com os jornalistas da Gazeta do Povo – Tatiana Duarte, Aniela Almeida e José Carlos Fernandes.
www.gazetadopovo.com.br/blog/blogvidaecidadania/

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