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No mundo, 59 jornalistas foram mortos no primeiro semestre de 2010 exercendo a profissão, segundo a ONG Campanha Emblema de Imprensa. A América Latina foi a região com mais jornalistas assassinados: 24 no total. A causa está no México, que vem sendo dominado pelo narcotráfico e torna-se o país mais perigoso para jornalistas, de acordo com a ONG, que milita a favor de uma melhor proteção aos profissionais nas zonas de conflito.

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Nunca cobri uma área de conflito, mas passei por simulações que mostraram como é esse (difícil) trabalho. Participei entre os dias 12 e 16 de julho de um treinamento do Exército, no Rio de Janeiro, que fez simulações muito próximas a realidade.

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Outros 30 colegas participaram do treinamento, o III Curso de Preparação de Jornalistas em Áreas de Conflito, promovido pelo Centro Conjunto de Operações de Paz do Brasil (CCOPAB), em coordenação com o Centro de Comunicação Social do Exército (CCOMSEX).

Uma coisa que discutimos no curso e que nunca tinha me dado conta é como o jornalista é visado para ser alvo de sequestro em área de conflito. Um dos exemplos recentes é o sequestro de dois jornalistas franceses da emissora France 3 no leste do Afeganistão.

No treinamento, tivemos orientações sobre como proceder nestes casos. Acredito que a principal delas é deixar a emoção de lado e tentar ser o mais racional possível. Também tivemos palestras sobre o sistema ONU, Direito Humanitário, a cobertura da Guerra do Golfo e a Missão de Paz brasileira no Haiti.

Na parte prática passamos por orientações de primeiros socorros, uso do GPS, preparo de comida desidratada, identificação de mina terrestre. Passado isso, chegou a hora da simulação final.

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Nossa missão iria acontecer no Tudistão, país fictício que sofria com conflitos separatistas. Meu grupo de oito jornalistas iria acompanhar uma tropa de militares brasileiros da operação de paz.

Fomos em um caminhão do Exército até uma parte. O resto teria de ser feito a pé, em meio ao mato que rodeava uma estrada de chão. Encontramos o primeiro susto na estrada, onde dois homens armados estavam irritados e querendo saber o motivo de estarmos ali. Avançamos.

A 200 metros dali, encontramos um militar ferido. Ele não resiste e morre. Logo em seguida começa um tiroteio. Um homem armado atira contra nós. Nós, jornalistas, seguimos os soldados e ficamos atrás deles enquanto atiram. (Mais tarde iríamos descobrir que a nossa maneira de ação estava errada. Os civis têm que ficar em local seguro e longe do tiroteio).

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Foi apenas uma simulação, mas para nós foi muito real. Sentimos medo, não sabíamos o que fazer, ficamos exaustos. Só que sabíamos que precisávamos estar ali para registrar os fatos.

Uma frase dita ao final do curso pelo nosso coordenador, capitão Júlio Cezar: “Repórter morto vira notícia. Repórter vivo leva notícia”.

Mas como saber qual é esse limite?