Globo tem pouco a perder, mas não desiste do Atlético. Por quê?

Por que a Rede Globo ainda insiste em ter o Atlético-PR entre seus parceiros nas transmissões esportivas? O clube humilha há alguns anos a emissora durante o Campeonato Paranaense, agora confunde os torcedores sobre os limites legais entre direitos de transmissão (ao vivo) e flagrante jornalístico (registro dos melhores momentos), tem vínculo em TV fechada com a concorrente Esporte Interativo e está longe de ser um arrasa quarteirão em termos de audiência. Diante disso, poderia então dar um basta e fechar a tranca das negociações para o Brasileirão em sinal aberto e pay-per-view, a partir de 2019, para o Furacão? A resposta é não.
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Embora o Atlético-PR ocupe um papel menor na grade esportiva da Globo (em 2017 apenas cinco jogos do clube foram ao ar na emissora), o Rubro-Negro paranaense integra o projeto da emissora de transmitir todos os jogos do Brasileirão através do canal fechado Premiere. Além disso, a ausência atleticana no card global impediria a exibição de pelo menos 24 duelos de grande ou médio interesse para o canal – confrontos com Flamengo, Botafogo, Vasco, Fluminense, Grêmio, Inter, Atlético-MG, Cruzeiro, São Paulo, Palmeiras, Santos e Corinthians.
Com base na tabela de 2018, pelas dez primeiras rodadas, a Globo teria a transmissão embargada para cinco confrontos, excluindo a possibilidade, por exemplo, de exibir Atlético x Palmeiras, domingo, dia 6/5, para São Paulo – único duelo do Furacão selecionado nas 12 primeiras rodadas para o telespectador fora dos canais por assinatura.
São esses os aspectos que fazem o estilo bélico do Atlético, que ainda não assinou o contrato com o canal carioca para o Brasileirão 2019, ganhar explicações nos telejornais para a não exibição de lances importantes do Furacão. A Globo não tem, por enquanto, interesse em romper a relação negocial com a gestão Mario Celso Petraglia – mesmo com toda a exposição crítica que vem sofrendo.
A comparação entre os R$ 600 mil oferecidos ao Atlético para assinar o contrato do Paranaense com o os R$ 5 milhões dados ao Boavista pelo Carioca ilustra o embate. Os números chocam, mas não levam em conta que o nanico do Rio fez cinco jogos cruciais para o projeto global, justamente quando enfrenta os gigantes Fla, Flu, Bota e Vasco – por acaso, decidiu a Taça Rio, primeiro turno da competição. O certame paranaense tem apenas regional e o CAP encarou somente um time de Série A. O problema então não é o time da Baixada, mas a debilidade do estadual.
Com a divulgação do acerto do Santos com a Rede Globo para a transmissão do Brasileirão, já são 28 clubes com algum contrato firmado com a emissora, seja para veiculação das partidas em televisão aberta, pay-per-view ou canal fechado – 27 deles fecharam para TV aberta entre 2019 e 2014.
O Brasileirão deste ano representa a última temporada com o antigo modelo de divisão do dinheiro da Globo para sinal aberto. A partir de 2019, a grana da emissora (R$ 600 milhões) será repartida de uma forma mais equilibrada entre os 20 participantes da Série A. 40% do valor total das cotas será distribuído igualitariamente. Outros 30% do montante será dividido de acordo com o posicionamento das equipes no Nacional 2018. E, por fim, 30% será fracionado de acordo com o número de exibições programadas dos jogos das equipes.
SEM GOLS NO FANTÁSTICO
Petraglia defende transmissão própria do @atleticopr, anuncia boicote e critica Globo
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— Esportiva (@gpesportiva) April 9, 2018
Veja quais clubes já tem algum acordo com a Globo para o Brasileirão
São Paulo
Corinthians, Santos, Ponte Preta e São Paulo (o único dos 28 que não assinou para TV aberta).
Rio de Janeiro
Flamengo, Vasco, Fluminense e Botafogo.
Minas Gerais
Cruzeiro, Atlético-MG e América-MG.
Rio Grande do Sul
Grêmio, Internacional e Brasil de Pelotas.
Paraná
Paraná Clube e Londrina.
Santa Catarina
Chapecoense, Avaí e Figueirense.
Goiás
Vila Nova, Goiás e Atlético-GO.
Bahia
Vitória
Pernambuco
Santa Cruz, Sport e Náutico.
Ceará
Ceará.
Alagoas
CRB.