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Por Ana Biselli e Rodrigo Junqueira

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Nestes nossos últimos dias pelo Brasil, enquanto esperamos pelo visto de viagem ao Canadá, resolvemos fazer um tour pelas cidades mais frias do país em busca de algo que sempre maravilhou os brasileiros, habitantes de um país tropical: a neve! Cidades como Urubici e São Joaquim, em Santa Catarina, e São José dos Ausentes e Cambará do Sul, no Rio Grande do Sul, são as campeãs do frio em seus estados e também os lugares aonde é mais comum que se neve nesta época do ano. Para elas seguimos, aproveitando a forte massa de ar polar que atingiu o país nesta semana.

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A nossa primeira parada foi na catarinense Urubici, onde se localiza o Morro da Igreja, ponto mais alto do sul do país e local que detém o recorde negativo de temperatura do Brasil: congelantes 17 graus negativos! O frio já era intenso quando lá chegamos, mas não o suficiente para que se nevasse. Para a ocorrência de neve, além do frio, é preciso também que haja umidade. E no início da semana havia muita umidade mas ainda pouco frio. A previsão era que uma massa polar trouxesse temperaturas geladas mas, ao mesmo tempo, secasse o ar. Então, a chance de neve era apenas naqueles poucos momentos em que o frio chegasse e ainda não tivesse espulsado a umidade do ar. Uma janela de um dia!

Esse dia “mágico” estava previsto para ocorrer no final da semana, então aproveitamos os primeiros dias da viagem para conhecer as belezas naturais da região. Além do Morro da Igreja, que estava completamente coberto por uma densa neblina, muito vento e frio de 2 graus positivos, a região oferece diversas cachoeiras e montanhas. Nesta época do ano, evidentemente, as cachoeiras são apenas para se admirar, a não ser que alguém queira se congelar dentro de suas águas! Entre as montanhas, destacam-se as serras do Rio do Rastro e do Corvo Branco.

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Na primeira está uma das mais belas estradas do Brasil, que vai serpenteando a serra curva após curva, em formato de caracol, até vencer toda a diferença de altitude entre a planície litorânea e os altos da serra. Um espetáculo de engenharia! A segunda, do Corvo Branco, é para os mais aventureiros, já que a estrada é de terra e tem muitas pedras. Mas é linda também, para muitos ainda mais bonita que a Serra do Rio do Rastro.

Com o fim da semana se aproximando, decidimos tentar a nossa sorte em São José dos Ausentes, já no Rio Grande do Sul. Ali ficamos hospedados numa típica fazenda gaúcha, comendo muito churrasco e bebendo chimarrão. A temperatura foi abaixando aos poucos até que, com a chegada da massa de ar polar, despencou. Infelizmente para nós, a umidade também se foi e, ao invés da neve, o que tivemos foi muito gelo nas fortes geadas matinais. Não tivemos neve mas as paisagens da redondeza eram absolutamente fantásticas, principalmente o canyon do Monte Negro, ponto mais alto do estado.

Do alto de seus penhascos, pudemos observar a névoa que vinha do litoral se acumular pelo canyon, formando um verdadeiro mar de nuvens.
Já sem muitas esperanças de ver neve, seguimos para Cambará do Sul para enfrentar a noite mais fria até agora nesses quase 500 dias de viagem. Foram 6 graus negativos! Nós estávamos aquecidos dentro da nossa confortável pousada, mas o nosso carro iniciou o dia com o diesel congelado em seu tanque. Foi preciso esperar o sol esquentar para que ele pudesse se movimentar novamente!

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Assim que ele pode andar novamente, seguimos para o Parque Nacional da Serra Geral, aonde está o Canyon Fortaleza, um dos mais belos e grandiosos do país. Por suas bordas caminhamos e fotografamos durante algumas horas, absolutamente hipnotizados pela beleza da paisagem. Do alto de seu promotório mais alto, é possível observar o mar, mais de mil metros abaixo de nós e dezenas de quilômetros à frente. A visão é de perder o fôlego.

Na próxima semana, visitaremos a região de Bento Gonçalves, aonde estão as melhores vinícolas do país. De lá seguiremos para a Serra Gaúcha, para cidades como Gramado e Canela, que nesta época do ano atraem milhares de turistas em busca de suas lareiras, fondues e chocolates. Depois, retornaremos à Curitiba para, finalmente, seguir em direção aos países da América Espanhola.