Por Ana Biselli e Rodrigo Junqueira
Os últimos dias de viagem têm sido acelerados. Seja pela quantidade de atividades ou pela quilometragem rodada. Nos últimos 22 dias saímos de Curitiba, cruzamos o Paraná em direção à Foz do Iguaçu. Atravessamos o Paraguai das Missões ao Chaco e entramos na Bolívia. Subimos o altiplano boliviano e fomos aos 4.060m da cidade mais alta do mundo, em Potosí.Conhecemos os lindos vales que nos levaram à Tarija e chegamos finalmente à Argentina. A Fiona está completando esta semana 50 mil quilômetros rodados, sendo destes apenas 2,5 mil km antes do início desta viagem. Chegamos à Salta esgotados, mas a nossa alegria e excitação era tanta que nem percebemos.
Salta é uma das principais cidades no norte da Argentina,velha conhecida de muitos aventureiros brasileiros, pois é passagem obrigatória para quem sai do Brasil em direção ao Paso de Jama e a São Pedro do Atacama, noChile. A cidade tem um centro muito ativo, comercial e turisticamente. São vários cafés, restaurantes, confeitarias e lugarezinhos deliciosos para escolher. Enquanto a Fiona fazia sua revisão periódica dos 50 mil km, conhecemos o Cerro San Bernardo, um dos montes que compõe a paisagem da cidade.Pode-se chegar ao topo a pé, de carro ou de uma forma muito mais romântica: pegando um bondinho. Inspirador mesmo foram as vistas fantásticas lá do alto!
As principais atrações estão nos arredores de Salta. Começando pelo famoso Tren a las Nubes, quarto trem mais alto do mundo em operação. Ele sai de Salta a 1.187m de altitude, corta montanhas, vales e quebradas e chega aos 4.200m sobre o nível do mar. O ferrocarril atravessa o Valle de Lerma, entra na Quebrada Del Toro até chegar à Puna, como são conhecidos os altiplanos argentinos localizados na Cordilheira dos Andes. São 434 km (ida e volta), atravessando 29 pontes, 21 túneis, 13 viadutose custa a “bagatela” de US$ 170 ou 695 pesos. A rota completa está neste infográfico, muito informativo.
Também se pode chegar ao viaduto de carro ou excursões em vans. Chegamos por baixo, onde se tem uma das vistas mais lindas da ponte. Antes mesmo do trem partir, foi a nossa vez de seguir viagem para a segunda maior atração do dia: Salinas Grandes. Uma das maiores salinas da Argentina, possui 12 mil hectares de sal a céu aberto. As salinas são simplesmente fantásticas, uma imensidão branca. Ao redor as montanhas em diferentes tons de vermelhos, verdes, róseos, amarelos, brancos, cinzas e violetas, são explicados pelos minérios presentes na rocha como o ferro, cobre, dolomita, enxofre, lima,dianteira e hematita.
Seguimos um pouco mais ao sul e chegamos ao Vale Calchaquíes, em direção às cidades de Cachi e Cafayate. É uma estrada belíssima que cruza o Parque Nacional de los Cardones, um tipo de cactos predominante na região. A rodovia chega a aproximados 3.400m de altitude na Cuesta del Obispo, com uma linda vista da região. A cidade de Cachi é a cidade mais estruturada para explorar a área, mas vale vale a pena conhecer o Hostal Provincial de Molinos, antiga casa do último governador de Salta nos tempos coloniais deste vilarejo. As paisagens bucólicas dos arredores do lugarejo são especiais para uma cavalgada com o gaúcho-argentino Miguel, o encantador de cavalos.
As quebradas construídas durante milhares de anos pelas geleiras e degelos dos Andes escondem tesouros naturais incríveis. A apenas 40km de Cafayate encontra-se o Vale das Conchas, onde as paredes areníticas foram esculpidas em diferentes cores e formas. Algumas mais famosas como a Garganta del Diablo, o Anfiteatro, Las Ventanas e El Obelisco podem ser vistas da estrada, com direito à muitas paradas para fotografia. Além de cenários naturais espetaculares, Cafayate também é muito procurada pelo enoturismo. A cidade é cercada por parreirais e bodegas que oferecem degustações e boas explicações sobre a produção dos seus vinhos.
Fechamos o roteiro pelas quebradas e vales das províncias de Jujuy e Salta em um sítio arqueológico especial: as Ruínas Quilmes. População indígena que mais resistiu à colonização, os Quilmes construíram uma imensa cidade-fortaleza que os ajudou a resistir durante 130 anos aos espanhóis. Infelizmente, praticamente todos foram escravizados e exterminados. Soubemos que o governo iniciou uma pesquisa em busca dos descendentes da etnia, inclusive para devolução de terras. Nos arredores das ruínas há um grupo que clama por seus direitos e respeito aos seus ancestrais, mas aparentemente ainda não obteve o reconhecimento legal.
Finalmente saímos da província de Salta e adentramos à Catamarca, em direção à cidade de Fiambalá. Lá pretendíamos passar para o Chile por aquele que é considerado o mais belo dos “pasos” andinos, o Paso San Francisco, a mais de 4,7 mil metros de altitude, por entre lagoas coloridas e montanhas nevadas. O Paso San Francisco está fechado no lado chileno, portanto teremos que voltar à Jujuy e cruzar pelo Paso de Jama. Pelo menos refizemos os planos nos divinos banhos termais em uma noite linda de céu estrelado.
Na próxima semana rodaremos mais 1,1 mil km para chegar ao Chile pelo Paso de Jama, rumo ao famoso Deserto do Atacama, uma das regiões mais secas e belas do mundo.
Veja também o site dos nossos viajantes no site da expedição. .
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