Deixamos Tiradentes e seguimos rumo a Parati, no litoral fluminense. Duas das mais simpáticas cidades históricas do país unidas pelo trecho final da Estrada Real, criada em meados do século 18 para escoar a produção de ouro e diamantes das Minas Gerais em direção à metrópole, Portugal. Uma boa parte desse trecho da Estrada Real nós já tínhamos feito, no início da viagem. A bela região de Carrancas, com sua cachoeiras e Caxambu, com suas águas medicinais. Então, seguimos direto para Parati.
A parte final da Estrada Real é a descida da Serra do Mar. Neste trecho, ela tem o nome de Serra da Bocaina, uma linda região montanhosa entre o Rio e São Paulo, espremida entre o Vale do Paraíba e o Oceano Atlântico. Há ali um parque nacional e o trecho da estrada que cruza o parque ainda é de terra, em estado bem precário. Mesmo no período de seca, como agora, apenas os carros altos como a Fiona, ou os valentes fuscas e brasílias dos moradores locais são apropriados para cruzar essa bela estrada.
A recompensa para quem percorre a estrada de Cunha, como é chamada, é chegar à bela Parati, uma cidade que parou no tempo desde que uma estrada de ferro (que D. Pedro II mandou construir em meados do século 19) desviou para o Rio boa parte da produção que era exportada antes pelo porto de Parati. Desde então, a cidade adormeceu, mantendo suas construções seculares, que hoje conferem à cidade o título de patrimônio histórico mundial. “Redescoberta” na década de 70 com o asfaltamento da Rio-Santos, agora com uma vocação turística, seus belos prédios foram preservados e reparados, seguindo as charmosas linhas originais. O mesmo ocorreu com o calçamento de pedra das ruas, nada propício ao trânsito de automóveis ou de pessoas usando salto alto. A cidade se encheu de bons restaurantes e belas pousadas, muitos nas antigas construções, o que torna tudo muito charmoso.
A cidade é um dos destinos preferidos dos estrangeiros em visita pelo país, o que empresta a ela um ar internacional, cosmopolita. Nos dias em que estivemos na cidade, em plena semana de trabalho, boa parte dos turistas eram de outros continentes, e se ouvia pelas ruas línguas como o alemão, inglês, espanhol e francês.
Além de passear pelas ruas da cidade e se esbaldar em seus restaurantes, o outro grande atrativo de Parati é a baía que a cerca, com suas praias e ilhas. Boa parte dessas praias só é acessível por barco e ainda tem aquele ar de praias virgens, inexploradas, de algum paraíso tropical. As águas são sempre limpas, de um verde inacreditável, principalmente em dias de céu azul como os que tivemos a sorte de encontrar. No cais, há dezenas de barcos prontos para levar os visitantes a estes paraísos.
Foi o que fizemos. Um passeio de escuna nos levou a duas praias, uma ilha e uma pequena baía. Vida de rei, na sombra ou no sol, conforme o gosto, acomodados nas almofadas do barco, bebendo uma cerveja gelada ou uma caipirinha e, de tempos em tempos, uma mergulho refrescante por águas transparentes e cheias de peixes. Aproveitamos a “pressa” do passeio para conhecer as outras pessoas do barco, entre elas a australiana Jane e o irlandes Fergal, ambos apaixonados pelas belezas do nosso litoral.
Na volta do passeio, ainda deu tempo de ir conhecer duas das cachoeiras da região, aproveitando para tirar a água salgada do corpo e substituí-la por água doce, fria e cristalina da Serra do Mar. Por fim, como ninguém é de ferro, um delicioso jantar num dos muitos restaurantes da cidade, acompanhados dos novos amigos estrangeiros.
No dia seguinte, resolvemos variar o passeio. Ao invés de barco, usamos as próprias pernas. Com uma certa ajuda da Fiona também! Fomos de carro até a praia de Laranjeiras, fechada para um rico condomínio e, de lá, através de uma trilha de pouco mais de uma hora, quase sempre na sombra úmida da mata atlântica, fomos até a Praia do Sono. Uma longa faixa de areia encravada em plena baía, um colírio para os olhos de quem chega até lá. Na praia há uma pequena vila, com campings e rstaurantes na beira da areia. Provavelmente, o nome da praia venha desse clima idílico, ficar na sombra das árvores vendo o mar e a vida passar.
Para aqueles que resistem à letargia, pode-se caminhar um pouco mais longe, até a Praia do Antigo e a Praia do Antiguinho. Nelas não há vilas nem moradores. Os únicos sinais de civilização são as pegadas na areia de outros afortunados que lá estiveram. Um paraíso deserto ali, tão perto das duas maiores metrópoles brasileiras. Que benção que continuem tão isoladas…
Conhecer de verdade toda a região requer mais dias de exploração. A nossa teve de parar um pouco. Tivemos de retornar à Curitiba para um compromisso, um evento social há muito aguardado. De volta à cidade, aproveitamos para rever amigos e parentes, principalmente a sobrinha querida, já com quase dois meses de idade.
E nós, após um fim de semana, “voamos” com a Fiona de volta à região de Parati e de lá rumo ao norte. Se tudo der certo, essa nossa vinda à Curitiba terá sido a última por um bom tempo. Quando revermos a pequena Luiza, ela já terá 1 ano de idade!
Acompanhe a viagem de Ana Biselli e Rodrigo Junqueira todas as quintas-feiras em nosso blog. Também acesse o site dos aventureiros: www.mildias.com.
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