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A Rota das Emoções é um dos mais procurados destinos de aventura no nordeste. Ele engloba Jericoacoara, Delta do Parnaíba e os Lençóis Maranhenses.

Algumas agências especializadas oferecem este roteiro, nós, porém já estamos nele desde a semana passada e com direito a algumas extensões de rota, como o Parque Nacional de Ubajara, no Ceará e Sete Cidades no Piauí.

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O Delta do Parnaíba, também conhecido como Delta das Américas, é formado pelo encontro do Rio Parnaíba com o mar. Sua nascente fica localizada na Serra das Mangabeiras, Jalapão e é protegida pelo Parque Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba. Formado por três cursos d´água advindos tanto do Piauí quanto do Maranhão, é a fronteira geográfica entre os dois estados. Há quem diga que a importância cultural e histórica do rio é muito maior para o povo piauiense, que o cita inclusive em seu hino.

No entanto, no estado do Maranhão são 22 cidades ribeirinhas, contra 20 do Piauí. Lembrando que dentre estas está também Teresina, capital planejada construída estrategicamente na região do Médio Parnaíba, por suas condições de navegabilidade. Se considerarmos a exclusividade, extensão e beleza natural, ele é o único Delta em mar aberto das Américas! Apenas comparável aos deltas do Nilo, no Egito e de Mekong, no sudeste asiático.

O delta é maravilhoso, não importa de onde se inicie o passeio, Parnaíba-PI ou Tutóia-MA, desde que possa explorá-lo por pelo menos 4 horas, entre braços de rio, dunas, lagoas e manguezais. Os manguezais são impressionantemente altos, a espécie de mangue é o vermelho, segundo nosso guia, são manguezais antigos, com mais de 40 anos e por isso cresceram tanto. É na lama destes manguezais que são caçados os caranguejos-açú, os preferidos na culinária local. Esta é a época do Defeso, quando é proibida a sua caça, venda e consumo, pois estão em período de reprodução.

A Ilha das Canárias é a primeira parada, depois seguimos por um pequeno igarapé onde costumam encontrar muitos jacarés. Este igarapé é o caminho para um local conhecido como Feijão Bravo, sem dúvida um dos lugares mais lindos do passeio. Dunas maravilhosas fazem margem com o rio, mar, mangues e ainda guardam lagoas de água doce. Tudo isso cercado por uma natureza exuberante com pássaros como o pica-pau, as garças brancas, pintada e azul. Pegamos o solzinho de final da tarde junto com as iguanas, lindas e exibidas sobre as árvores ribeirinhas.

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Tudo isso é muito lindo, mas sempre precisamos ter olhos ambientalmente responsáveis para monumentos naturais como este. O rio está assoreando, processo acelerado pela Usina Hidrelétrica de Boa Esperança, que já fez com que perdesse parte de sua navegabilidade. Além disso, encontramos em alguns trechos imensas quantidades de lixo jogadas às suas margens. O trabalho de conscientização ambiental precisa ocorrer, não apenas nas populações ribeirinhas, como aos turistas, que desfrutam desta beleza e são parte importante na preservação e economia local.

O Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses foi criado em 2 de junho de 1981, possui 155 mil hectares e fica localizado no litoral do Maranhão. As grandes atrações do parque são suas dunas de mais de 40m e lagoas, que começam a aparecer no início do período chuvoso e preenchem cada funil deixado pelas dunas, formando uma paisagem sensacional entre os meses de maio a agosto. Algumas pequenas comunidades ficam localizadas às margens de lagoas permanentes no meio do parque, como a Queimada dos Britos e Baixa Grande, mas estas estão distantes e sem muita infra-estrutura turística, precisando de pelo menos dois dias de caminhada para alcançá-las.

Escolhemos uma base alternativa à agitada cidade de Barreirinhas, que nos desse acesso a algumas das melhores atrações do parque, o vilarejo de Atins. As fronteiras do parque nacional são, basicamente, o mar ao norte, a cidade de Barreirinhas ao Sul, o Rio Preguiças ao leste e a cidade de Santo Amaro a oeste.

O Rio Preguiças, portanto, é um dos pontos chaves para a exploração dos Grandes Lençóis Maranhenses. Ele margeia a cidade de Barreirinhas e possui algumas comunidades daí em direção à sua foz, as duas principais são o Caburé e o Atins. “Vocês têm que comer o camarão da Luzia!” Esta foi uma das frases mais ouvidas quando falamos que iríamos ficar em Atins, nos Lençóis Maranhenses. Este restaurante fica no Canto de Atins, há uns 8 km da vila onde estávamos hospedados.

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Depois da longa caminhada, chegar ao restaurante da Luzia é quase como chegar a um oásis. Água de coco tirada do pé, redes à disposição e o principal, a Luzia, querida e atenciosa nos recebendo de braços abertos. O camarão grelhado, também conhecido como churrasco de camarão, é sensacional! A casca do camarão descola da carne com muita facilidade, o ponto da grelha é o segredo, deixando o camarão defumado, com aquele gostinho de churrasco. O tempero é divino, mas a Luzia não revela para ninguém, nem sob tortura.

As duas atrações naturais da região são as Lagoas do Poço das Pedras e a Lagoa Verde. A primeira sai uma caminhada tranquila pelas dunas e atravessando uma área verde e a comunidade de Ponta do Mangue, às margens de um pequeno rio perene. Aos poucos vamos chegando a um lugar de areia branca e bem fininha, onde a água da chuva forma lagoas de águas cristalinas e um pequeno poço azul.

O Poço das Pedras deve ter uns 6 m de diâmetro e 1,5m de profundidade, não mais que isso, mas é totalmente convidativo depois do calor da caminhada. A Lagoa Verde é a maior lagoa da região. É uma lagoa perene mais distante do vilarejo, por isso precisamos fechar uma programação com transporte de toyota e guia local que nos leva até lá. As lagoas estão começando a se formar, ainda com pouca água, pois as chuvas atrasaram, mas já conseguimos ter aquela visão exuberante das dunas e lagoas formadas pelos fantásticos Lençóis Maranhenses.

Aos aventureiros de plantão, essa rota é uma ótima dica de roteiro para o terceiro trimestre. Ela consegue reunir os mais raros e exuberantes ecossistemas e paisagens brasileiras dentro de 10 ou 15 dias de férias.

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Próxima Semana:
Seguimos para São Luís e se a chuva permitir às Reentrâncias Maranhenses à caminho de Belém.
Veja também o site dos nossos viajantes no www.1000dias.com.