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O dia acordou cinza, ainda chuvoso, no nosso terceiro dia na capital cearense. Nós, porém, havíamos nos prometido, que com chuva ou sol sairíamos da toca para explorar! Escolhemos o Beach Park, uma das principais atrações turísticas de Fortaleza e também o clube das famílias aqui na cidade.

A brincadeira já começou no Sarcófago, um tobogã com uma queda de 24m de altura em um tubo fechado e escuro a 80km/h! O próximo foi o Insano, a maior atração do parque aquático com 41m, o equivalente a um prédio de 14 andares! O Insano é considerado o mais radical dos equipamentos do gênero no planeta! Devido à sua altura e inclinação a descida dura apenas 5 segundos e chega a 105km/h!

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Depois desse aí virou brincadeira, RamuBrinká, Kalafrio, Esfinges e tudo o que tínhamos direito! A chuva não atrapalhou, pelo contrário, foi ótimo, pois o parque não ficou superlotado. Voltamos a ser crianças por um dia, mas crianças viciadas em adrenalina!
Para os que gostam da praia, a dica é conhecer a Praia do Futuro. Não sabemos por que ela tem este nome, mas que as barracas de lá são futuristas, isso são.

Fomos direto para uma das maiores delas a Croco Beach. O lugar parece mais um clube de praia aberto à visitação: piscina, palco com banda ao vivo, lanchonete, restaurante por quilo (delicioso, diga-se de passagem), banheiros limpos, chuveiros, decks, cabanas de palha espalhadas pela areia com lockers a 5 reais para quem quiser deixar suas coisas para uma corrida ou caminhada. Enfim, tudo foi pensado.

Nos programas culturais e gastronômicos, Fortaleza também não deixa a desejar. Na gastronomia, escolhemos conhecer o Soho, eleito o melhor restaurante japonês da cidade de Fortaleza e junto dele, Elcio Nagano, o melhor chef de cozinha da cidade. O menu é completíssimo e super requintado. As combinações unem referências da culinária contemporânea e da mais tradicional cozinha japonesa, buscando trabalhar elementos sofisticados como o foie gras, pimentas tailandesas e azeites trufados misturados aos tradicionais teryakis e agridoces.

As noites culturais ficam por conta do Centro Cultural Dragão do Mar, assim batizado em homenagem ao homem que lutou pelo fim do tráfico negreiro no Ceará. Canoense, liderou a greve dos jangadeiros que desembarcavam os negros para esta costa no ano de 1881. Conferimos o Festival de Rock Cordel, que na verdade era puro heavy metal! Foi bacana ver os jovens da cena rock cearense. Não gosta de heavy metal? Não tem problema, estamos em um centro cultural imenso onde pode encontrar de tudo!

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Continuamos caminhando pelas passarelas de metal que interligam quadras, museus e salas de exposição e chegamos ao museu com as obras de algumas edições do Salão Abril, uma amostra que reúne artistas cearenses desde a década de 40 até os dias de hoje. Encontramos também uma exposição de uma artista plástica ceramista sobre o Boi, os folclores, as farras e as histórias que o circundam.

Tanta cultura e arte, que não poderíamos deixar de conhecer o lugar que concentra as mais diversas culturas populares cearenses, o Mercado Central! Artesanato em couro, palha, redes, redinhas, redonas, mantas, castanhas de caju aos milhares e de todos os sabores. Pingas curtidas em caranguejos ou cajus imensos, doces regionais, pinturas em azulejos e esculturas em cerâmica. Restaurantes por quilo, tapiocarias e até a música sertaneja de Asa Branca, na entrada principal do mercado. Tudo isso é maravilhoso, uma abundância de vida, de arte e energia que transborda do povo que faz deste lugar ser o que é. Cearenses vindos de todos os cantos do estado, buscando um jeito para viver, sobreviver e lutando por condições melhores de vida. Povo trabalhando, turistas e locais comprando, (quase) tudo como deve ser.

Despedimos-nos de Fortaleza e continuamos subindo o litoral cearense. Os ventos aqui são famosos e muito procurados para a prática de esportes aquáticos como o windsurf e o kite surf. Há apenas 25 km de Fortaleza encontramos o paraíso dos kite surfers, Cumbuco, o lugar com maior infra-estrutura e número de kites que já vimos durante toda a viagem! A noite foi na praia de Lagoinha, uma praia deslumbrante entre dunas, morros e falésias que está começando a ser descoberta pelo turismo.

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Finalmente chegamos à entrada do Parque Nacional de Jericoacoara, decretado parque pelo então presidente João Figueiredo, que visava desde aquela época preservar a beleza desta região de praias, dunas e lagoas, do desenvolvimento. Estas praias já possuem registro da visita de exploradores nas décadas de 30 e 40, porém o turismo internacional começou nos anos 70 e por sua beleza e preservação foi criado o parque nacional.

As próprias características geográficas de Jeri ajudaram com que o desenvolvimento demorasse a chegar, isolada pelas dunas, lagoas e praias. Hoje já é um lugar totalmente voltado ao turismo, os que aqui vivem trabalham em seus restaurantes, pousadas e afins. Jeri fez o que muitas vezes pensamos que seria a solução para algumas praias, um exemplo prático aí no sul é a Praia do Rosa, em Garopaba. As suas ruas já não comportam mais tantos carros, não tem área de estacionamento e manobra, então por que não fazer um estacionamento na entrada da cidade? Foi o que aconteceu aqui, pelos módicos 10 reais ao dia estacionamos o carro fora da cidade e apenas alguns carros tem licença para circular. Perfeito para o conforto dos pedestres na cidade.

Um dia conhecemos o lado pedregoso de Jericoacoara, a trilha dos Serrotes e Pedra Furada, formação rochosa que se destaca em meio à paisagem não só pelo grande furo, como também pela coloração avermelhada da rocha. Aqui o kite e Wind surf também são atração, nesta época os ventos já estão mais fracos, porém na alta temporada dos ventos (setembro a fevereiro), estes esportes são os mais procurados.

Sem vento, resolvemos encarar uma empreitada diferente: 30 km de caminhada pela praia até Tatajuba, passando pelos povoados de Mangue Seco, Guriú, praias, rios, lagoas e paisagens simplesmente sensacionais. A praia estava larga, uma imensa faixa de areia com lagoas e poças de água refletindo o céu mais azul que vimos nos últimos dias. Trinta e uns quilômetros depois chegamos à Velha Tatajuba, ou o que sobrou dela. Uma vila que foi engolida pelas dunas, às margens do rio de mesmo nome. A paisagem ali se altera completamente conforme o avanço da maré, chegando a cobrir mais de um quilômetro terra adentro!

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Continuamos a caminhada para a Lagoa da Torta, 5 km adiante de Tatajuba. A lagoa de água doce é imensa, verde e belíssima, um verdadeiro oásis. Atravessamos uma região meio pantanosa próxima à lagoa para chegarmos à Duna do Funil, a mais alta duna da região. Assistimos ao pôr-do-sol naquela imensidão de dunas, lagoas, pântanos e ao fundo, o mar. O retorno foram os mesmos 30 km com o vento contra e a maré mais alta. Este mesmo passeio é feito pelos bugueiros, mas se perdem as paisagens e o tempo real do lugar. A caminhada é um exercício de contemplação onde cenários de outro mundo podem ser vivenciados com calma, paciência e muita persistência. Cada passo faz o lugar ficar ainda mais especial, torna o dia muito mais saboroso e a viagem inesquecível.

Próxima Semana:
Começamos explorando os Parque Nacionais de Ubajara, Ceará e Sete Cidades, no Piauí. Vamos descobrir o que há para se fazer em Teresina, única capital do nordeste que não está no litoral e chegaremos ao Delta das Américas.