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Mil dias pelas Américas: São Luís e as Reentrâncias Maranhenses
| Foto:
Luciane Horcel
Ruínas de igreja do séc. XVI, em Alcântara – MA.

Esta semana começou com dois dias em São Luís, na capital do Maranhão. Apesar da chuva, passeamos por suas praias e, quando a chuva deu uma trégua, aproveitamos para conhecer um dos mais belos centros históricos entre as capitais brasileiras. De lá seguimos para Alcântara, uma verdadeira joia arquitetônica ainda pouco conhecida dos brasileiros. Por fim, fomos explorar uma das mais novas fronteiras do turismo, a região conhecida como Reentrâncias Maranhenses.

São Luís foi fundada pelos franceses, tomada pelos portugueses, conquistada pelos holandeses e retomada em definitivo pelos portugueses. A prosperidade da economia agrícola da região nos séculos XVIII e XIX forneceu o capital necessário para que as classes mais abonadas construíssesm grandes casarões, sobrados e solares no centro da cidade durante esta época.

A característica arquitetônica mais marcante é o revestimento das paredes externas com azulejos portugueses, um material que resistia melhor ao forte calor e umidade do Maranhão. Com a decadência econômica à partir de meados do séc XIX, esses casarões foram sendo abandonados e degradados. Mas um grande projeto de restauração está recuperando casa por casa, já há vinte anos, ainda antes da cidade ter sido declarada Patrimônio da Humanidade.


Rua cheia de sobrados no centro histórico de São Luís, no Maranhão.

Certamente, ainda falta muito por fazer, mas já é um prazer caminhar por suas ruas e becos, explorando seus museus e sobrados, bebericando em seus bares tradicionais, sem esquecer da visita obrigatória ao Palácio dos Leões, sede do governo local, onde há uma finíssima decoração com objetos e móveis trazidos da Europa ainda no séc. XIX.

Do outro lado da baía de São Marcos, onde está São Luís, encontramos a pequena e pacata Alcântara. Seu conjunto arquitetônico é considerado o mais harmonioso de todo o Brasil. Visitá-la durante o dia já é um colírio para os olhos, a praça central, toda gramada, cercada por construções seculares muito bem conservadas e o mais bonito pelourinho do Brasil bem no meio, em frente às ruínas de uma igreja do séc. XVI. Mas, ainda mais incrível, é visitá-la de noite, quando as construções estão todas iluminadas e não há mais nenhum movimento nas ruas. Somos apenas nós e aquele cenário de dois séculos atrás. É como uma viagem no tempo. Sensacional!

Depois de Alcântara, rumamos para um destino muito pouco conhecido ainda. A região com a maior extensão de mangue do mundo, entre Maranhão e Pará, tem o nome de Reentrâncias Maranhenses. O nome vem do fato de que há várias entradas de mar na região, além de rios com características quase amazônicas, uma verdadeira terra da água. Nessa região, num arquipélago na costa, há uma pequena ilha com o nome de Lençóis. Para se chegar lá, são muitas horas de carro até a pequena Apicum Açu, que fica na beira de um rio com o mesmo nome. De lá, são mais quatro horas navegando de carona num barco de pescadores. Tudo isso para se chegar numa ilha coberta por dunas e mistérios.


Casa de pescador, no meio do mar nas Reentrâncias Maranhenses – MA.

A Ilha de Lençóis tem esse nome justamente por estar quase toda coberta por “lençóis de areia”, enormes campos de dunas. Embaixo dessas dunas, diz a lenda, está uma cidade perdida onde mora o rei Sebastião, aquele que desapareceu na famosa batalha de Algeciras, no Marrocos. Por séculos, os portugueses esperaram a volta de seu amado rei, considerado uma espécie de “salvador da pátria”. É o que se chama de “sebastianismo”. Como é que o rei Sebastião, sumido no séc XVI no Marrocos foi parar na pequena Ilha de Lençóis, isso é um mistério…

Outro fato, que atrai a atenção da comunidade científica, é uma grande presença de albinos na ilha, a maior concentração existente no mundo! Mais um dos mistérios dessa ilha com paisagens maravilhosas e uma população cativante, ainda muito pouco alterada pelo turismo que é apenas incipiente. Uma verdadeira jóia para aventureiros que gostam de lugares ainda pouco explorados no nosso país.

Na próxima semana, após mais de quatro meses pelas praias, cidades e sertão do Nordeste, chegamos à região Norte, ao estado do Pará. Visitaremos as belas praias de Algodoal, a vibrante capital Belém e a Ilha de Marajó, quase do tamanho da Suíça, na boca do rio Amazonas e famosa por suas manadas de búfalos.

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