• Carregando...
Mil dias pelas Américas: um tour em Salvador
| Foto:

Pelourinho: um pedaço especial de Salvador.

Por: Rodrigo Junqueira e Ana Biselli.

Nossa semana foi de explorações, tanto na capital baiana como também em cidades próximas. É uma região com uma rica tradição cultural, repleta de belezas naturais e com muita história para contar.

Salvador foi, durante muito tempo, a capital e principal cidade do Brasil colônia. Desde a metade do séc XVI até meados do séc XVIII era aqui que ficavam os vice-reis ou governadores-gerais apontados por Portugal para governar o Brasil. Dentro de todo o império português, Salvador só perdia para Lisboa em importância e a Baía de Todos os Santos, onde ela está localizada, era a baía mais movimentada de todo o hemisfério.

Todo o açúcar e tabaco produzido na região que foi a primeira fronteira agrícola do país era transportada através da baía e de lá para o mundo.


Baianas na festa da cidade de Cachoeira.

Toda essa movimentação econômica provocou por um lado uma grande riqueza na região, o que pode ser comprovado pelas igrejas e outras construções da época e, por outro lado, uma enorme demanda por escravos o que fez (e faz)de Salvador, ainda hoje, a capital mais negra de todo o país. Hoje, no estado, são centenas de igrejas, uma para cada dia do ano, é o que dizem. Entre elas, a mais rica do país, repletas de ornamentos em ouro. Ao mesmo tempo, é o local onde a cultura afro se manifesta de maneira mais forte e clara, da dança ao teatro, da religião aos costumes.

Nossas andanças por Salvador começaram pelo bairro de Santo Antônio, ao lado do Pelourinho. É um local de casario bem cuidado, várias casas restauradas que se transformaram em charmosas pousadas, igrejas e fortes centenários, mas sem o agito do Pelô.

Lá está a escadaria do Carmo, imortalizada no filme “O Pagador de Promessas”, de Glauber Rocha. De lá, a pé, seguimos para o Pelourinho, passando pela Fundação Jorge Amado e pelo local onde Michael Jackson gravou seu famoso clipe com a participação do Olodum. Entre as igrejas, destaque para Igreja e Convento São Francisco, considerada a mais rica do país, com seus azulejos portugueses e sua ornamentação em ouro.


As famosas fitinhas do Bonfim…

Isso tudo fica na Cidade Alta, construída ali para facilitar sua defesa dos ataques indígenas e de outras potências europeias, principalmente a Holanda, que chegou a conquistar a cidade em meados do séc. XVII. Para seguir para a Cidade Baixa, o caminho mais fácil é descer o Elevador Lacerda. Por 15 centavos, descemos os quase 80 metros de altura e chegamos no Mercado Modelo, um ótimo lugar para se ver e comprar artesanato local e observar o movimento da cidade.

No dia seguinte, o destino foi a vila de Arembepe, um dos mais famosos redutos hippies da década de 70. Gente como Janis Joplin e Mick Jagger estavam entre seus frequentadores. Hoje o local continua habitado por cerca de 80 pessoas, incluindo 20 crianças que ainda vivem da mesma maneira simples propagada pelo movimento de 40 anos atrás. Na pequena e pacata cidade vizinha está um dos melhores restaurantes de comida regional do estado, o Mar Aberto. Ali nos “banqueteamos” com um divino Bobó de Camarão.

No outro dia, voltamos ao centro da cidade, desta vez na Ponta do Humaitá, que tem uma das melhores vistas de toda a baía. Lá está aquela que talvez seja a mais conhecida igreja do país, a Igreja do Bonfim. É aquela das fitinhas coloridas que todos ganhamos de presente de parentes que visitam a cidade.


Rodrigo vai ao fundo na Baía de Todos os Santos.

Antes de seguirmos para o teatro, nosso programa noturno, ainda tivemos tempo de passar no MAM de Salvador, que ocupa um espaço magnífico, bem na orla da baía, numa igreja centenária. As esculturas e outras obras de arte que ali estão expostas não devem nada para as que encontramos nos grandes museus de Rio e São Paulo.

A peça do grupo de teatro do Olodum a que assistimos de noite foi um verdadeiro espetáculo da cultura afro, música, dança e texto misturados de tal forma a nos levar numa verdadeira viagem pela cultura negra, seus aspectos religiosos e históricos.

O dia seguinte nos mostrou uma Salvador diferente, conhecida por muito poucos. A Salvador debaixo d’água tem águas cristalinas, visibilidade de 30 metros e dezenas e dezenas de naufrágios, desde os mais modernos, como um enorme cargueiro grego que afundou na década de 80, até galeões holandeses e portugueses afundados nas guerras entre os dois países há mais de 300 anos. São tantos barcos afundados, que Salvador é conhecida como a capital dos naufrágios.


Teatro do grupo Olodum.

De quebra, ainda podemos observar a grande cidade de dentro da baía. De lá podemos observar suas igrejas, fortes e farois. Entre os tantos que existem, o mais famoso é o Farol da Barra, ponto turístico concorrido de Salvador.

Finalmente, ainda tivemos tempo de viajar pelo Recôncavo, nome que se dá à região em volta da Baía de Todos os Santos. Lá estão as cidades de Santo Amaro, terra de Dona Canô e seus filhos músicos e também Cachoeira, linda e pacata cidade histórica com igrejas com mais de 400 anos de história.

Depois da confusão de Salvador, foi uma tarde tranquila caminhando pelas ruas de paralelepípedo e casas coloridas. Mas a tranquilidade não durou muito já que tivemos a sorte de presenciar uma festa de rua, aqui chamada de “Lavagem“. Foi maravilhoso poder observar as famosas baianas andando e dançando seguidas por uma multidão eclética e animada. Com certeza, sem esta festa nossa viagem à região de Salvador não teria sido completa.


Dando uma de turista, casal faz cliques da cidade de Cachoeira.

Na próxima semana, vamos visitar o litoral norte do estado, as cidades de Praia do Forte e Mangue Seco. Em seguida, rumamos para o interior, para a famosa Chapada Diamantina, com suas montanhas, cachoeiras, cavernas e cidades históricas.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]