Por Angela Antunes
A Cabra ou Quem é Sylvia?, peça estrelada por José Wilker e Denise Del Vecchio e em cartaz na Mostra Contemporânea do Festival de Curitiba até esta terça-feira (21) no Teatro Guaíra, conta a história de um homem bem-sucedido profissionalmente, casado há anos com a mulher que ama e que se vê apaixonado por uma cabra chamada Sylvia. O que atrai – e também repele – o público são discussões sobre as relações sociais, a intolerância e a capacidade do homem de aceitar as diferenças. Todas de uma forma subjetiva, nas entrelinhas do texto de Edward Albee.
A tragicomédia atinge de cheio o público quando trata de assuntos complexos como zoofilia e incesto. Essa discussão, no entanto, é abordada com roteiro leve e boas atuações do elenco composto também por Gustavo Machado e Francarlos Reis. As muitas piadas, ou alfinetadas, contidas na peça causaram riso na plateia. Ao mesmo tempo em que causou desconforto aos que esperaram apenas por uma metáfora clara e objetiva.
Jô Soares foi o responsável por traduzir e dirigir o espetáculo, que estreou pela primeira vez na Broadway em 2002. É com ele que o texto absurdo ganha ares de comédia, principalmente nas vozes de Wilker e Machado, que interpreta o filho gay do arquiteto de prestígio Martin (Wilker).
A trama de “A Cabra ou Quem é Sylvia?” começa com a preparação de Martin para uma entrevista para um programa de televisão, a fim de celebrar sua carreira e seus 50 anos de vida. O entrevistador foi seu amigo de longa data, e que foi também o responsável por contar seu caso com a cabra para a sua mulher, Stella. Martin está começando a ter problemas de memória, e mal consegue se situar em uma conversa sem se perder nos diálogos. “Sou jovem demais para ter Alzheimer”, brincou ele. “Pelo menos você é jovem demais para alguma coisa”, respondeu sua mulher.
Quando a família descobre do secreto caso de amor, as paredes desabam. “Chupa-cabra!”, alfinetou o seu filho Billy. Em seguida, Martin tenta descrever a Stella como tudo aconteceu, até chegar às sessões dos Zoólogos Anônimos, instituição que ele encontrou após fazer uma pesquisa no Google.
Após pouco mais de uma hora de espetáculo, o público presenciou um texto extremamente cômico, mas no qual as entrelinhas não são em todo o momento claras. Há um choque contínuo entre valores, ideais e os modelos da sociedade. É um choque extremo. Martin chega até a beijar seu próprio filho. “Rolou um clima, e daí?”, confessou seu filho após o ocorrido. É de embaralhar a cabeça, porém, rende boas risadas.
A Cabra ou Quem É Sylvia? tem sua última apresentação na noite desta terça-feira (24), no Teatro Guaíra, a partir das 21h. Os ingressos estão esgotados.
Atraso
O público que foi até o Teatro Guaíra nesta terça-feira teve que ser paciente. Apesar de a entrada ter sido liberada, o teatro permaneceu de portas fechadas e o público teve que esperar de pé em meio ao saguão. O público só conseguiu seguir até suas poltronas às 21h15, e o espetáculo começou às 21h30.
Segundo a produção, a demora aconteceu por conta do atraso na montagem do cenário. O espetáculo Zoológico de Vidro, que aconteceria no Teatro Positivo, foi transferido para o Teatro Guaíra neste domingo (22), e com isso a produção não conseguiu iniciar a montagem de A Cabra ou Quem é Sylvia? no horário programado.
Serviço: A Cabra ou Quem é Sylvia?: terça (24), às 21h, Teatro Guaíra (R. Conselheiro Laurindo, s/nº – Centro – Tel.: (41) 3304-7982). Confira o serviço completo do espetáculo
Outras atrações do festival podem ser conferidas no site Guias e Roteiros RPC.