Não, esta não é uma referência ao programa de entrevistas mantido nos anos 90 pela atriz e jornalista Marília Gabriela na Band, mas uma constatação. Era justamente assim que eu e o público que esteve presente ontem na peça Aquela Mulher, apresentada no pequeno auditório do Teatro
Positivo, nos sentimos.

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De perto, sua H.– personagem do monólogo, inspirada em Hillary Clinton – é ainda mais forte e seus dramas são mais tocantes. O vozeirão estrondoso da atriz e os olhos azuis esbugalhados intensificam a personagem. As características que sempre arrancaram
declarações de seus entrevistados, caíram como uma luva para a peça.

O texto do angolano José Eduardo Agualusa e a direção de estreia de Antônio Fagundes, por sua vez, resolvem muito bem as três fases da personagem. A primeira, em que H. se prepara para assumir o cargo de “o homem mais importante do mundo” (presidente da nação mais importante do mundo) e aproveita para desnudar suas principais fragilidades, depois na entrevista coletiva de sua posse e, por último, uma surpresa divertida e
reveladora – Gabi, uma Lilith de peruca e malha colante pretas e asas made in China.

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A plateia mostrou sintonia com a atriz, principalmente nas referências constrangedoras a Bill, o marido da personagem, ex-presidente da tal nação e que (adivinhem) teve um caso com uma estagiária rechonchuda. Os discursos cheios de ideologia e os relatos íntimos se misturam muito bem a pitadas de humor. No fim, Gabi – contrariando o distanciamento quase que unânime dos atores de teatro – pediu a palavra, se desculpou por um imperceptível atraso e agradeceu as respostas da plateia. Mais um ponto para ela.