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Ian McCulloch está velho, gordo e grisalho. O que permanece daquele Ian do disco Ocean Rain (1984), são os óculos e trajes escuros que lhe conferem certa autenticidade e rápido reconhecimento.

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O vocalista do Echo & The Bunnymen, hoje, tem um fiapo de voz – dá-lhe bebida. Caipirinhas infinitas, inclusive, quando passa pelo Brasil. Ian não canta como antes, mas dá conta do recado.

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The Fountain, o novo disco da principal banda da era pós-punk, foi lançado no último dia 12. A começar pela capa, percebemos que algo está diferente. Ela é feia, ao contrário dos lendários encartes de Crocodiles (1980), do próprio Ocean Rain (1984) e, vá lá, até de Siberia (2005). Uma repaginação da banda também se deu dentro dos estúdios. O convidado para conferir juventude a uma banda balzaquiana foi John McLaughlin, conhecido por trabalhar com boy bands norte-americanas e grupos pops ingleses.

Essa foi a receita encontrada pelos Bunnymen para não definhar como seu frontman. E, que fique claro que não há nada errado em envelhecer. Ainda mais assim, tentando ser eternamente jovem.

The Fountain é um disco forte. O guitarrista Will Sergeant, por mais que repita fórmulas, acerta a mão de novo. Está afiado. “I Think I Need it To”, primeiro single e que abre o disco, é uma música vigorosa, guiada pelas linhas de Will. Ela explode de uma maneira esperada, bem Echo. E Ian canta “O que você quiser, o que você precisar, eu vou precisar disso também”.
Alguns até dizem que é a melhor música composta pela banda desde “Lips Like Sugar”. Exagero.

“Forgotten Fields” mais uma vez revela a genialidade de Sergeant. É quase um hino, com melodia apoiada em ótimas guitarras que lembram o que fazem hoje Doves e Snow Patrol. “Olhe atrás de você” murmura Ian. “Do You Who I Am” deixa de lado o goth rock e bebe do britpop, com refrão simples e “dã dã dãs” smithnianos.

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Em “Shroud of Turin” Ian se esforça para cumprir sua tarefa, mas consegue, com a ajuda de vários backings nessa música que poderia estar em qualquer um dos melhores discos dos Bunnymen.

Chegamos em “Life of 1.000 Crimes” com o jogo ganho. A melhor música do disco é a cara do que, talvez, a banda buscasse transmitir. Bateria serelepe, guitarras rústicas e teclados essenciais. Há aí um detalhe, que é só detalhe mesmo: a participação de Chris Martin, vocalista do Coldplay. São aqueles falsetes amarelados de sempre.

A música “The Fountain”, coincidentemente, segue a linha Viva la Vida – há piano e teclados em demasia. É a mais fraca do disco, embora a que demonstre, ainda, a beleza da voz de Ian. “Eu chorei uma fonte”, reclama o britânico.

“Everlasting Neverendless” e “Proxy” são as mais ousadas. Há efeitinhos eletrônicos, pianos agitados e backings cantando vogais. É a mão do produtor, a receita para não envelhecer. “Drivetime” lembra “The Cutter”, embora, se fosse em outra época, o refrão seria pelo menos um tom acima.

O disco termina com “The Idolness of Gods”, uma balada ao piano que lembra o clima de “Ocean Rain”, de 1984. Nem de longe é o melhor disco dos Bunnymen, mas é o mais satisfatório desde a nova formação (1997). Ian está velho, grisalho e gordo. O Echo, só grisalho.

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