A profunda ligação de Belo Horizonte com seu mais importante grupo, o Galpão, ficou óbvia na noite de ontem na reestreia de Romeu e Julieta. A apresentação na Praça do Papa atraiu cerca de 5 mil pessoas, que formaram uma montanha humana completamente silenciosa para ouvir a récita dos palhaços-personagens.
As canções entoadas durante a tragédia, relatada em tom de comédia, eram acompanhadas por muitos lábios atentos.
Essa foi uma das três peças que abriram o Festival Internacional de Teatro Palco & Rua de Belo Horizonte (FIT-BH), na noite deste sábado. Mesmo com o feriado de Corpus Christi, a cidade registrou grandes engarrafamentos no trajeto entre uma peça e outra. Foram cinco peças em uma só noite.
“Romeu e Julieta”, acompanhada pela Gazeta do Povo, marca o início da comemoração brasileira dos 30 anos do Grupo Galpão. Brasileira, porque a peça foi levada dias 19 e 20 de maio ao Shakespeare´s Globe, de Londres, onde um festival deu conta das 37 peças do bardo, cada uma encenada por uma trupe de nacionalidade diferente.
O Galpão apresenta no FIT, ainda, “Eclipse” (levado ao Festival de Curitiba deste ano), e, no circuito “off-FIT”, faz ainda “Till, a Saga de um Herói Torto”, e “Tio Vânia, aos que vierem depois de nós”.
Veja abaixo trechos da conversa da Gazeta do Povo com Eduardo Moreira, que interpreta Romeu:
O que mudou na remontagem de “Romeu e Julieta”?
Esta versão segue cenicamente a de 1995, que já tinha mudado bastante em relação à estreia, em 1992. Os figurinos também mudaram, mas retomamos o espírito da peça.
Vinte anos após a estreia, fez diferença o amadurecimento de vocês?
Sentimos bastante o amadurecimento como atores. Também temos agora uma clareza maior do que é o espetáculo. E tem o peso da idade, que é impossível não perceber… este é um espetáculo muito físico, e eu sinto bastante a diferença.
Qual foi a participação do diretor Gabriel Villela na remontagem?
Ele retomou conosco os princípios da peça, como o da precipitação. Os personagens agem antes de pensar, e tudo acontece muito rapidamente. Então, retomamos os exercícios numa cava, sobre uma pinguela, onde nos equilibramos, sempre com o perigo de cair. E levamos isso para a cena: a possibilidade permanente de os personagens caírem.
A recepção no Globe também foi calorosa?
Muito. Já havíamos levado a peça em 2000, e agora, neste festival, a produção insistiu que a versão de Romeu e Julieta fosse a nossa.
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