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O poeta é um leitor
| Foto:
Estéfano Lessa/Divulgação
Antônio Cícero, durante um bate-papo na Bienal do Livro de Curitiba.

Dizem que espetáculos de excelência são apenas para plateias pequenas, diminutas. Pois foi mais ou menos assim, um espetáculo de primeira qualidade para poucos, a mesa sobre poesia, que aconteceu na noite do último domingo, 30, na Bienal do Livro de Curitiba.

Antônio Cícero
, Ivan Junqueira e Antônio Carlos Secchin falaram, e disseram muito. O que ficou, como uma espécie de resumo do encontro, foi o seguinte: só é poeta quem lê poesia.

Pode parece óbvio, mas nem tanto. Há muita gente por aí que diz que não precisa ler para escrever poesia. Conhecer a tradição, o que veio antes, o que já foi escrito, é mais do que fundamental para começar a fazer poesia.

A própria voz depende dos ecos que traz, dos livros lidos. Cícero, também letrista, disse que há mais consenso sobre o que é poesia (a partir do que já foi feito) do que a respeito de física ou ciência. Ou seja: há sim regras para fazer poesia. A partir do que foi escrito e é considerado poesia.

Junqueira, tradutor e ensaísta, disse que ele é poeta, mas não poeta o tempo todo. Há momentos em que precisa pensar sobre a obra de outros autores, daí os ensaios, daí as traduções.

Estéfano Lessa/Divulgação
Cícero, Ivan Junqueira, com o microfone na mão esquerda, e eu, jornalista da Gazeta do Povo, na medição da mesa sobre poesia.

Secchin estudou a poesia de João Cabral de Melo Netto durante 25 anos, quase pediu aposentadoria por tanto estudar. A partir dessa experiência, falou que muitas vezes os imitadores tendem a “poluir” a obra de um grande poeta. O mesmo raciocínio vale para a obra de Paulo Leminski. Os imitadores, de bigode ou não, dão a entender que (ao imitar Leminski) estão fazendo algo similar à produção leminskiana, mas tendem a banalizar a obra do poeta paranense porque repetem, repetem, diluem, diluem, e a cópia tende a se sobrepor ao original.

Apenas 51 humanos na plateia, mas muito atentos. Foi um momento de muito silêncio, reflexão, mas uma festa de ideias, de inteligência e clareza.

Qual a sua opinião sobre poetas e poesia? O diluidores do Leminski sabem o que estão fazendo?

Agora, sigo rumo ao Expo Unimed Curitiba. Vou conversar com o Miguel Sanches Neto, no Café Literário, a partir das 16h, desta segunda (31). Se puder, apareça.

Um abraço, e fica o convite para você, também, participar da Bienal. Até mais.

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