Dizem que espetáculos de excelência são apenas para plateias pequenas, diminutas. Pois foi mais ou menos assim, um espetáculo de primeira qualidade para poucos, a mesa sobre poesia, que aconteceu na noite do último domingo, 30, na Bienal do Livro de Curitiba.
Antônio Cícero, Ivan Junqueira e Antônio Carlos Secchin falaram, e disseram muito. O que ficou, como uma espécie de resumo do encontro, foi o seguinte: só é poeta quem lê poesia.
Pode parece óbvio, mas nem tanto. Há muita gente por aí que diz que não precisa ler para escrever poesia. Conhecer a tradição, o que veio antes, o que já foi escrito, é mais do que fundamental para começar a fazer poesia.
A própria voz depende dos ecos que traz, dos livros lidos. Cícero, também letrista, disse que há mais consenso sobre o que é poesia (a partir do que já foi feito) do que a respeito de física ou ciência. Ou seja: há sim regras para fazer poesia. A partir do que foi escrito e é considerado poesia.
Junqueira, tradutor e ensaísta, disse que ele é poeta, mas não poeta o tempo todo. Há momentos em que precisa pensar sobre a obra de outros autores, daí os ensaios, daí as traduções.
Secchin estudou a poesia de João Cabral de Melo Netto durante 25 anos, quase pediu aposentadoria por tanto estudar. A partir dessa experiência, falou que muitas vezes os imitadores tendem a “poluir” a obra de um grande poeta. O mesmo raciocínio vale para a obra de Paulo Leminski. Os imitadores, de bigode ou não, dão a entender que (ao imitar Leminski) estão fazendo algo similar à produção leminskiana, mas tendem a banalizar a obra do poeta paranense porque repetem, repetem, diluem, diluem, e a cópia tende a se sobrepor ao original.
Apenas 51 humanos na plateia, mas muito atentos. Foi um momento de muito silêncio, reflexão, mas uma festa de ideias, de inteligência e clareza.
Qual a sua opinião sobre poetas e poesia? O diluidores do Leminski sabem o que estão fazendo?
Agora, sigo rumo ao Expo Unimed Curitiba. Vou conversar com o Miguel Sanches Neto, no Café Literário, a partir das 16h, desta segunda (31). Se puder, apareça.
Um abraço, e fica o convite para você, também, participar da Bienal. Até mais.
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