Por João Varella
A entrada para a peça da Mostra Oficial do Festival de Curitiba O Zoológico de Vidro no Guairão foi tumultuada na noite de domingo (22). A obra, que estava marcada para ser encenada no Teatro Positivo foi transferida para o Guaíra na última sexta-feira. Como a numeração das cadeiras é diferente de um lugar para o outro, houve tumulto e confusão.
Duas filas com mais de 100 espectadores cada foram armadas nas portas de entrada da platéia. Os que compraram o ingresso na bilheteria do Guaíra tinham a numeração de cadeiras apropriadas ao local; os que compraram antecipadamente tinham a numeração do Positivo. Apesar de terem capacidades de público similares, o Guaíra está dividido em três andares e em menos colunas de assentos. Quem tinha bancos com número superior 50 seria “reacomodado de acordo com as possibilidades”, explicavam os organizadores. Ninguém parecia querer ficar nos balcões.
Os organizadores ensaiaram uma explicação para as primeiras pessoas da fila da suposta nova ordem dos lugares. As filas F1, F2, F3 seriam realocadas nas filas A, B, C e assim respectivamente.
Quando as portas se abriram, no entanto, reinou a ordem do “é de quem pegar primeiro”. Um casal que tinha bilhetes das cadeiras 22 e 23 da fila F3 teve de discutir com uma mulher da política do “quem pegar primeiro” que insistia em sentar-se na cadeira 22. Outro casal, que tinha entradas da longínqua F22 era só sorriso por estar ocupando a quarta linha (D).
Uma idosa que aparentava ter dado com a cara na porta no Teatro Positivo ficou em pé diante do palco. Dizia-se indignada por ter comprado o ingresso antecipado e agora ser forçada a ver a peça de um dos balcões.
A confusão ficou ainda maior quando as cortinas se abriram cinco minutos antes do horário previsto. As luzes da platéia ainda não estavam apagadas e o público se acomodava como podia. Começa a trilha sonora repetitiva e dramática, que soava como um empurrão para as pessoas se apressarem.
Os atores fazem seus primeiros movimentos com alguns espectadores ainda de pé em busca de uma cadeira. São necessários dez minutos até os murmúrios de “com licença” e “esse lugar está vago?” cessarem.
Uma hora de peça, intervalo de quinze minutos. Pouca gente se levanta – talvez, temor por perder o lugar. A idosa volta para frente do palco à espreita de um lugar melhor. Mas, em geral, a situação aparenta normalidade.
No final do espetáculo, os autores agradecem os (merecidos) aplausos entusiasmados do público. Um homem vestido com uma camiseta do Festival de Curitiba se mistura aos atores para falar à audiência. Começa “pedindo desculpas” e menciona “imprevistos” em um discurso de menos de um minuto. Conclui com um convite o público prestigiar as outras obras em cartaz.
Em tempo: O Zoológico de Vidro veio ao festival como substituta de outra peça que se apresentaria na data, Às Favas Com os Escrúpulos, cancelada dias antes do início do Festival. A maior parte do material de divulgação da programação do Festival de Curitiba ainda promete “Às Favas Com os Escrúpulos“ como uma das atrações.