Sempre ouvimos por aí a mesma conversa: a maior parte do público que vai ao cinema só se interessa por filmes de grande apelo comercial. Não é o que tenho observado nos festivais de cinema realizados em Curitiba. O Festival Varilux de Cinema Francês, que ocorre simultaneamente em 32 cidades brasileiras é um exemplo. A exibição de longas-metragens franceses no Espaço Itaú de Cinema, que termina nesta quinta-feira (23), pode ser considerada um sucesso (veja programação aqui). Só no primeiro fim de semana (de sexta-feira a domingo, 17 a 19 de agosto), foram 1.273 espectadores em Curitiba, segundo a assessoria de imprensa do festival.
Na última segunda-feira (20), no horário das 17h30, uma fila imensa aguardava ansiosa para assistir Intocáveis, fenômeno de bilheteria na França, visto por mais de 20 milhões de espectadores só naquele país. Diante do meu desapontamento em ser uma das pessoas que não conseguiu o ingresso, uma amiga perguntou se a exibição era gratuita, tamanha procura. Não, não era. Os preços eram os mesmos cobrados no complexo, que, aliás, não são baratos (vão de R$ 12 a R$ 18, dependendo do dia e horário).
Na quarta-feira (22) à noite, o ótimo Polisse, que, felizmente, assim como Intocáveis, entrará em cartaz no circuito dos cinemas, também foi disputado. Desavisados como eu que chegaram com aproximadamente uma hora de antecedência conseguiram ingressos por sorte: poucos lugares, e apenas nas primeiras filas, estavam disponíveis.
Segundo as funcionárias da bilheteria, nos dias do Varilux (que começou no dia 17 de agosto), a média era de ingressos esgotados duas horas antes da sessão.
Isso mostra que, talvez, pelo menos em Curitiba, seja hora de ampliar o número de salas – apenas uma do Espaço Itaú foi destinada ao Varilux. A infraestrutura de atendimento é outro ponto que precisa ser melhorado, já que o número de funcionários permanece o mesmo nesses dias, mesmo com a demanda de público maior.
Mais exemplos
O 1º Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba, que aconteceu em maio e tinha programação gratuita, também teve ingressos disputados e sala lotada. A distribuição, naquela ocasião gratuita, ocorria uma hora antes da sessão e, assim como no Varilux, filas enormes se formaram.
Na programação estiveram filmes de diversos países, muito bem recebidos em festivais e pela crítica. Uma iniciativa que conseguiu trazer títulos que jamais estreariam por aqui.
A torcida é para que o Olhar de Cinema sobreviva por muitas edições, e que festivais, como o Varilux, continuem desembarcando por aqui, de preferência, em mais salas.