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Sob o calor de Passo Fundo

Cláudio Tavares/Divulgação
Em Passo Fundo, a população reúne-se para escutar o que escritores têm a dizer. Isso não é incrível?

Faz mais de 32ºC em Passo Fundo. Nem por isso, a população, ou uma parcela dos passo-fundenses, deixa de prestigiar a 13ª Jornada Nacional de Literatura, que segue até sexta-feira.

Mas o evento, que concentra a programação dentro do campus da Universidade de Passo Fundo (UPF), reserva outras surpresas fora da agenda oficial.

Ontem à noite, eu jantava em um restaurante, quando um senhor pediu para sentar em uma cadeira vaga da mesa onde eu estava. Conversamos durante uns 45 minutos. Falamos de Curitiba, de Paris, cidade onde ele mora.

O nome dele é Max Butlen, um intelectual ligado à uma universidade francesa, que já morou no Brasil e sabe falar e escutar em português. Sou monoglota, não teria como conversar em francês.

Contei que atuo como jornalista. E ele, imediatamente, quis saber se eu fazia posts, como este, que você está lendo, na internet.

“Sim, sim, ultimamente viciei. Estou fazendo um post por dia”, contei, entre uma garfada e outra dose de água com gás. É preciso ingerir muita água com gás, gelada, em meio a tanto calor.

Mas o que senhor Butlen queria mesmo saber se havia diferença entre o texto que eu escrevo para o jornal impresso e o texto que faço para o Blog do Caderno G.

“Pois sim, pois sim, como não”, respondi. “Tenho apenas uma observação a fazer, caro senhor Butlen”, completei, e disse: “Quando eu faço um post apenas informativo, o retorno dos internautas é pífio. Mas, geralmente, quando sou mais subjetivo, as pessoas costumam comentar.”

Disse também que, se fosse uma notícia absolutamente inédita, como o fim da pobreza, ou o anúncio da descoberta que permitesse gerar e distribuir renda para toda a população, daí, em um caso desses, sendo uma notícia absolutamente inédita, daí talvez houvesse retorno dos internautas, mesmo se o texto fosse o mais objetivo possível. Mas, e isso diz respeito à minha experiência, a regra é clara: tem de haver molho, tempero, bossa, tem de soar algo do eu profundo, e de outros eus. (Somente assim, e nem sempre, mas somente com verve particular é que há algum eco, mesmo mínimo).

Nos despedimos e ainda fiquei a pensar nesse assunto. Será que você, caro internauta, prefere comentários com alguma subjetividade? Ou basta ser uma notícia ou opinião relevante para haver repercussão?

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