16 de junho, dia de Bloom, ou Bloomsday, é a data anual celebrada pelos aficionados do romance Ulisses, a obra-prima do escritor James Joyce, exatamente no dia em que se passa a ação do livro todo.
Em 2011, um sujeito chamado Stephen (coincidência, pois o protagonista de Retrato de um Artista Quando Jovem, de Joyce, se chama Stephen Dedalus) resolveu usar o Twitter de maneira engenhosa para marcar o Bloomsday de amanhã.
Quem estiver seguindo o endereço 11ysses (o número onze, seguido das letras “ysses”) terá a chance de ler o romance inteiro de Joyce em, no máximo, 576 tuítes, o equivalente a até 80.640 caracteres, ou cerca de 40 páginas de Word, na fonte Times New Roman e no corpo 12.
Funciona assim: 96 voluntários de várias partes do mundo assumiram, cada um, mais ou menos dez páginas do romance, com o compromisso de reduzi-las a algo entre quatro e seis tuítes (e cada tuíte tem, no máximo, 140 caracteres).
O projeto todo é coordenado pelo tal Stephen, que escreve do estado de Baltimore, nos Estados Unidos. O projeto todo é então em inglês.
Há voluntários em quatro continentes, incluindo um na Austrália, um no Cazaquistão e dois no Brasil. Destes, um deles é curitibano: Caetano Galindo, professor da Universidade Federal do Paraná que publica no ano que vem, pela Companhia das Letras, a sua tradução de Ulisses.
Embora seja fácil criticar o projeto de Stephen – é um crime reduzir um clássico de 900 e tantas páginas a meras 40, mexendo no que há de mais importante na obra de Joyce: o texto –, existe um lado simpático da empreitada.
Usar o Twitter é uma forma de popularizar um livro que é muito comentado, mas pouco lido. Esse é inclusive um dos elogios que Galindo faz ao projeto que se chama oficialmente “Ulysses Meets Twitter 2011”, ou “Ulisses encontra o Twitter 2011”.
O professor da UFPR faz parte também de outro projeto, que pede para que os participantes resumam o livro de Joyce em apenas um tuíte, também em inglês. O de Galindo diz: “The longest way round is the shortest way home”, ou “A maior volta possível é o caminho mais curto pra casa”.