Era o final de sábado (23), quase 10 da noite, e eu poderia estar em uma fila para entrar na balada. Poderia, então, estar debaixo das cobertas em casa assistindo a um filme, depois de um dia corrido. Mas não. Fiz questão de adentrar a Catedral de Curitiba, onde se realizaria mais uma das ações do Bote Fé, evento que serviu para receber os símbolos da Jornada Mundial da Juventude.

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Entrei com alguns amigos e sentamos no segundo banco em frente ao altar. Em instantes, a Cruz Peregrina e ícone de Nossa Senhora estariam ali. Ao meu redor, percebia uma movimentação. Aos poucos, mais jovens entravam ali, com um sorriso no rosto e com um cansaço aparente – afinal, o encontro católico se iniciou às 9 horas da manhã.

Mesmo assim, era evidente que todo mundo estava ansioso para o que aconteceria. Depois de uns 20 minutos, os símbolos da JMJ finalmente entraram pelo corredor da igreja, sendo recebidos de pé e com muitas palmas. Eram as músicas, os olhares de uma alegria extrema estampado na cara de cada um, as palmas fortes. Não tinha como não se arrepiar.

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A seguir, iniciou-se um momento de Adoração, em que as pessoas eram convidadas a se aproximar do objeto sagrado. Era lindo de ver. As pessoas se ajoelhavam e pareciam deixar suas vidas ali. Um verdadeiro descarrego: os problemas no trabalho, a dificuldade de um vestibular, a complexidade de se dar bem com a família, amizades mal-resolvidas. Tudo, tudo mesmo estava vindo à tona.

Não pensei duas vezes e também toquei na madeira reluzente. Quando minha mente parecia estar se esvaindo, percebendo que estava diante de Algo maior, recebi um abraço. O abraço mais forte da minha vida. E de quem? De uma amiga minha, que estava logo atrás e não tinha percebido. Ela que tinha me visto tantas vezes chorar dos meus problemas e até mesmo rir das minhas trapalhadas (e participando de muitas delas). Poderia ter morrido ali mesmo, porque estaria feliz.

As pessoas – todas da minha idade – cantavam, rezavam. Era realmente impressionante.

Mas o grande fato é que a Cruz Peregrina, mesmo representando um grande evento da igreja católica, poderia ser aplicada na vida de qualquer outro jovem, mesmo que não fosse religioso. Aliás, é nela que percebemos a vital importância de se acreditar em algo.

No mesmo dia de tarde, vi pessoas se ajoelhando para comungar, mesmo no meio dos mais de 5 mil que estavam presentes. Vi minha pele se arrepiando até os pés quando a Cruz adentrava o palco da missa. Vi pessoas chorando na Catedral, confiando suas vidas Naquele ser que estava ali.

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E é nisso que quero chegar: acredito que a religião é fundamental na vida de cada um. Deve existir, sim, algo que faça você ficar desnorteado e depois voltar à normalidade. Deve haver algo que faça você se prezar como humano, como pessoa. Deve existir algo que faça você lutar para ser feliz, lutar para ficar bem consigo mesmo, para sorrir sem motivo. Eu encontrei o meu.