Sol, calor, e o desconforto só aumenta. Definitivamente existem pessoas que não nasceram para esse clima litorâneo de verão. Descendente de poloneses, sou branco demais e suo demais para gostar de praia – sim, nasci em Curitiba e adoro aquele céu cinzento e o friozinho do inverno. Mas nem tudo são lágrimas na vida de um quase albino acima do peso no Litoral. A parte engraçada de estar há dois meses aqui, trabalhando, são os cuidados necessários para sobreviver após esse deslocamento territorial.
O mais chato são os cuidados com o sol. No entanto, sem ficar vermelho como um camarão nenhuma vez após 60 dias, já posso me considerar um especialista. Caso tenha que sair, sei que devo usar protetor fator 30 no corpo, 50 no rosto, boné e óculos escuros. Isso tudo além de andar pelas sombras das árvores e construções. Ou seja, pareço um bandido disfarçado se esgueirando em plena luz do dia.
Mas para chegar até esse ponto há uma longa preparação. Considerando que o trabalho de passar o filtro é proporcional ao tamanho, levo cerca de meia hora para cobrir a área de 1,90 metros por 95 quilos. E acrobacias não faltam para alcançar todos os locais. O meio das costas é, de longe, o mais difícil. E, diabos, como está longe… Estica o braço por cima, pelo lado, e nada. Mas desenvolvi uma técnica insuperável. Espalho protetor na parede do banheiro e esfrego as costas como um cachorro se coça num poste. Cena ridícula, mas funciona que é uma beleza.
Depois de todo esse exercício com um calor que chegou a 35ºC nos dias mais quentes, com sensação térmica na casa dos 40ºC, claro, estou suando as Cataratas do Iguaçu. O que tira todo o protetor que havia demorado longos 30 minutos para passar. Conclusão: desisto de sair.
Felizmente a redação fica no mesmo hotel onde estamos alojados. E, ainda bem, tem ar condicionado. Infelizmente ele não venceu o calor infernal que fez nesse verão. No dia do primeiro recorde de temperatura de 2010 não é que o malandro, que já era preguiçoso, quebra. Foi a primeira vez na minha vida que suei só de clicar o mouse. Uma toalha foi equipamento indispensável, tanto quanto um bom desodorante.
Nas poucas vezes que saí do hotel, ia para a academia na tentativa de diminuir a camada adiposa e reduzir a sudorese. Perdi a conta de quantas camisas lavei durante os exercícios. Na praia, fazendo reportagens, o suor retirava todo o protetor solar. Felizmente ando sempre com um pote tamanho econômico comigo. A dificuldade era apenas parar de suar para reaplicar o produto com pele seca, como indicam os fabricantes.
É por essas e por outras que me sinto como um urso polar em praia tropical.