O primeiro CD que tive na vida foi um do Jorge Ben Jor ao vivo, da série Mestres da MPB. Eu devia ter uns 10 anos de idade quando ganhei esse CD que, no momento, deve repousar em algum canto na bagunça do quarto da minha irmã Fernanda, outra fã do alquimista.
Nem sei bem como pedi o disquinho ao meu pai, que havia naquela época recém adquirido o nosso primeiro (e até hoje único) quatro em um da Gradiente, que vinha com um aparelho de compact disc, então novidade para a família.
Impressionante como a molecada curtia muito Jorge Ben naquele início dos anos 90. Na casa do Dudu, amigo de infância, ouvíamos o Jorge direto. “Seu Rui”, pai do meu amigo, era e é fanzaço do Jorge, e ainda na minha casa meu pai ouvia sempre o LP “Bem-vinda Amizade”.
Também nas primeiras festinhas americanas que frequentei, lembro nitidamente de estar rolando o disco “23”, com o hit “Engenho de Dentro”, enquanto dançávamos com as meninas, depois de um gole de refrigerante.
Memórias como essas vinham e se embolavam na minha cabeça quando, no domingo (27), eu estava a cerca de dez metros de distância do
“Caramba, igualzinho ao Mestres da MPB! Mas dessa vez eu também estou ao vivo”, ia pensando eu, que até então nunca tinha ido a um show dele. Mais tarde, eu também mal podia acreditar que iria trocar uma ideia com o alquimista.
O papo após o show foi curto, é verdade (“se a conversa se caracterizar como entrevista vocês vão ter que vazar”, informou um assessor a mim e ao fotógrafo Jonathan Campos), mas foi bacana demais.
Jorge foi simpático e paciente (assim tratou toda a legião de fãs que infestava o seu camarim, atendendo um por um) e ainda respondeu a algumas perguntas de uma quase entrevista sub-reptícia.
Disse o mestre que curtiu bastante tocar no palco flutuante, mas confessou que não estava conseguindo enxergar a galera direito. “Por isso desci aquela hora no trapiche”, explicou.
Quando perguntei onde ele iria passar o Ano Novo e quais eram os planos para 2010, ele disse que passaria a virada trabalhando – “vamos fazer uma festa grande no Rio Centro” – e que pretendia lançar um disco de inéditas na metade do ano que vem. “Era para termos lançado nesse ano mesmo, mas 2009 foi tão corrido que não deu tempo.”
Foi o máximo que consegui ouvir dele. Mas já valeu muito. Se não a vocês, fãs, que esperavam ouvir alguma declaração bombástica nesse blog, mas pelos menos a minha irmã Fernanda, que na semana que vem recebe um cartãozinho autografado assim: “À simpática Fernanda, salve simpatia, Jorge Ben Jor”. Viu só “Chiquita”? Não falei que conseguia? Cuida bem do meu CD, hein?