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“Hoje eu me senti um verdadeiro ‘nada’ “

Olá amigos, espero e desejo que todos estejam bem!

Hoje estou publicando o texto do Orlando Chodon Holovati Junior, estudante, 23 anos. Fiquei realmente impressionada e, confesso, o texto me provocou muita reflexão. Quanta coisa podemos aprender e temos de aprender a cada dia.

Fiquei comovida pela simplicidade do Orlando e pela auto-análise que ele fez do seu comportamento e principalmente pela profundidade da mensagem que ele trouxe. Um jovem com tanta maturidade e com tanta capacidade de se autoperceber.

Um ser humano que realmente está no caminho do bem e em busca de como aliar isso em sua vida…E isto nada mais é o caminho que todos nós buscamos ou deveríamos buscar a cada dia. Essa busca é para a vida inteira.

Orlando parabéns e obrigada pelo seu texto, ele merece ser lido e refletido por muitas vezes para conseguirmos assimilar a profundidade da mensagem que ele traz.

Leia abaixo a íntegra do texto

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“Hoje eu me senti um verdadeiro “nada”! Fiz o trajeto de sempre ao sair da faculdade, seguindo pela calçada vi uma cena que em hipótese alguma deveria estar passando ali, desta cena fazia parte uma pessoa. Não consegui identificar o sexo, estava deitada na calçada, eu a olhei e só, não soltei nem um “você esta bem?” -“Precisa de algo?”

Foi como se essa cena fosse normal e não um ser humano ali deitado, uma pessoa como eu. Fico a pensar e se fosse um gatinho, se estivesse molhado ou machucado, será que minha reação seria diferente, será que ao invés de passar despercebido eu pararia para ajudar, será que chegaria a achar mais comovente isso!? Mas era um ser humano ali e não consegui pensar na hipótese de levá-lo para casa. Como talvez achasse normal levar um gatinho.

Quando pensei em tudo isso me deu vontade de chorar, de raiva, de tristeza, de solidão, da mediocridade de minha alma. Pensei o que levaria essa pessoa a ficar ali, o frio, o cansaço, a fome, qual seria sua história, o que estaria pensando. Então pensei na mesquinhez da minha alma, na minha mediocridade como ser humano, eu estava com fome por isso estava andando rápido, mas e aquela pessoa a quanto tempo não come!? E ao chegar em casa, eu sei que tenho o que comer, mais ela será que tem casa?

Depois de tanto refletir, me veio este pensamento: posso culpá-la se amanhã ela me abordar na esquina, na qual sempre passo, e me roubar ou me matar? Ela estaria me tratando como a tratei, eu poderia reclamar? Não sei.

Pessoas assim às vezes precisam ser apenas vistas, não precisam de ajuda assistencial apenas, ou somente comida, pessoas assim precisam saber que são seres humanos, existem para sociedade.

Ás vezes o simples fato de perguntar se ela estava bem já a faria se sentir melhor, uma atitude positiva podia desencadear nela uma sensação de vida, que ela existe de fato e alguém se preocupou com ela.

Não é preciso uma atitude grandiosa para fazer mudar uma vida, não necessariamente, às vezes apenas um gesto de carinho, mostrando um valor positivo à pessoa, ela vai ver que nem todo ser humano a trata como marginal.

Faz muito frio aqui hoje, chove muito também. E eu me sinto tão pequeno, tão insignificante, sem saber o que fazer. Apenas sei que não é preciso ser um “bilionário” para ajudar. Sei que um ato simples pode mudar uma vida. Sei também que não é a condição social de um ser humano que o transforma em bom ou mau, bandido ou mocinho. Sei que uma pessoa, assim como eu, apenas quer ser respeitada, reconhecida.

Mas, assim como nesta manhã, ela então o que é!? É invisível para a sociedade, aquela pessoa ali deitada na sua solidão contrasta com o mundo de hoje. Ela ali deitada naquela calçada e ao lado passando carros blindados, com seus vidros fechados, ar-condicionado, e pessoas rindo nem reparando que há ali um ser humano, deitado, sozinho.

Eu não quero mais ser o tipo de pessoa que acha isso normal, mas só refletir e escrever sobre isso não é fazer algo, claro que não, essas pessoas têm necessidades imediatas, acho que todos deveríamos pensar, onde estamos indo? O que estamos fazendo? O que podemos fazer?

O que estamos fazendo uns com os outros? Pois uma situação desta não pode passar despercebida, há algo errado nisso tudo.

Estes indivíduos têm sonhos, desejos, tristezas, histórias, o que posso fazer agora é rezar para que antes de uma nova chuva chegar, ela possa achar um lugar melhor para dormir, quem sabe até comer ou que as pessoas que passem por ela agora sejam mais caridosas e a ajudem. É só isso que posso fazer agora, rezar, mais isso só por enquanto.”

***Orlando Chodon Holovati Junior, 23 anos, estudante de Ciências Contábeis na PUC-PR.

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