O Atlético começa, hoje, mais uma Libertadores. Será a quarta do clube, o representante paranaense com mais carimbos sul-americanos no passaporte. Se a maneira como Miguel Ángel Portugal moldou o time deixado por Vagner Mancini só ficará clara quando a bola rolar no Estádio Nacional, em Lima, o passado rubro-negro no torneio é conhecido. E uma viagem por ele torna-se um belo aperitivo para mais uma campanha do El Paranaense na América..
5 jogos inesquecíveis
Alianza Lima 0 x 3 Atlético (2000)
Estreante na Libertadores, jogando fora de casa contra um frequentador assíduo do torneio, todos esperavam que o Atlético tremesse em Lima. O que se viu foi o contrário. O Furacão entrou no mais encardido interclubes do mundo com o pé na porta. Fez 3 a 0 no Alianza, abrindo caminho para uma campanha quase perfeita na primeira fase.
Bolívar 5 x 5 Atlético (2002)
A Libertadores de 2002 só começou a ser transmitida para o Brasil no mata-mata, o que relegou as primeiras fases do torneio ao rádio e aos jornais. Fui um dos poucos jornalistas brasileiros presentes no Hernando Silles e posso dizer sem medo de errar: raras vezes um time foi tão avassalador como o Atlético do primeiro tempo em La Paz. Com toques rápidos e envolventes, o Furacão fez 5 a 1 no Bolívar. Na segunda etapa, a altitude de 3.600 metros e as expulsões de Ilan e Adriano minaram o time de Geninho. Nos 15 minutos finais, o Bolívar encurralou o Atlético na sua área, foi buscar o empate e, com um pouquinho mais de tempo, teria virado.
O duelo Atlético x Santos (2005)
A mais emocionante e marcante batalha da campanha de 2005. Na Arena, contra o Santos campeão brasileiro, de Robinho, Ricardinho e Deivid, o Atlético esteve atrás no placar, perdeu Alan Bahia expulso ainda no primeiro tempo e foi buscar uma virada épica. Após uma primeira etapa empatada por 2 a 2, Lima decidiu aos 25 do segundo tempo. No jogo de volta, na Vila Belmiro, um Atlético perfeito no contra-ataque venceu novamente: 2 a 0, dois gols de Aloísio.
Atlético 3 x 0 Chivas (2005)
Se a marca dos dois jogos com o Santos foi a emoção, a da primeira partida contra o Chivas foi a perfeição. Em sua melhor exibição no torneio, o Furacão venceu por 3 a 0, na Arena, e encaminhou a inédita passagem à final, carimbada dias depois com um empate em Guadalajara.
São Paulo 4 x 0 Atlético (2005)
A sonhada final da Libertadores teve sabor amargo para o Atlético. Primeiro por não poder jogar o confronto de ida na Arena. Depois, pela dolorida e incontestável derrota por 4 a 0 no Morumbi. O placar elástico deu um final duro demais à belíssima campanha rubro-negra em 2005.
5 heróis
Luisinho Netto
Maior artilheiro do Atlético na Libertadores ao lado de Lima, com seis gols, Luisinho Netto teve papel preponderante na campanha de 2000. Foi ele quem abriu o caminho para as duas vitórias sobre o Alianza e selou o triunfo contra o Nacional, na primeira fase. Também foi dele o gol que por uma hora manteve o Atlético nas quartas de final. Em 2002, fez os dois gols da vitória sobre o Olmedo, na Arena, que mantiveram o clube com chance de classificação.
Devaca
Se o Atlético tivesse sido campeão em 2005, seria justo mandar uma faixa para José Devaca. O zagueiro que havia tirado o Brasil da Olimpíada de Atenas, em 2004, pôs o Atlético no mata-mata da Libertadores em 2005. Com um gol dele, o eliminado Libertad derrotou o América de Cali, na Colômbia, por 1 a 0. O resultado salvou o Furacão, que ia ficando fora ao levar inacreditáveis 4 a 0 do Independiente de Medellín, dentro da Arena.
Diego
O goleiro rubro-negro teve sua noite de herói no Defensores del Chaco La Olla (obrigado, Cahuê, testemunha ocular da história). Graças às defesas de Diego no tempo normal e na disputa por pênaltis, o Atlético despachou o Cerro Porteño e avançou às quartas de final.
Aloísio
Apesar de heroica, a vitória por 3 a 2 sobre o Santos, na Arena, soava apertada demais para o Atlético. Uma derrota por 1 a 0 na Vila Belmiro bastaria para eliminar o Rubro-Negro. Aloísio mostrou que a vantagem era mais que suficiente. Com dois gols do Chulapa, o Furacão venceu na Baixada Santista e chegou à semifinal. Na fase seguinte, ele ainda marcaria o primeiro no 3 a 0 sobre o Chivas.
Lima
Em números absolutos, Lima divide a artilharia rubro-negra da Libertadores com Luisinho Netto. Mas o Falso Lento concentrou sua munição em uma edição só. Todos gols fundamentais: o da vitória sobre o América de Cali; o que abriu o placar com o Cerro na Arena; o que levou o duelo com o Cerro em Assunção para os pênaltis; o da vitória sobre o Santos na Arena; os dois em Guadalajara, que puseram o Furacão na final.
5 vilões
Adriano Gabiru
O ídolo rubro-negro ficou marcado pela eliminação em 2000, ao chutar nas nuvens o único pênalti não convertido na disputa com o Atlético Mineiro, nas oitavas de final.
Altitude
O grande fantasma dos clubes brasileiros na Libertadores derrubou o Furacão em 2002. Contra o Olmedo, o clube dividiu o elenco em dois bimotores para subir de Guayaquil e Riobamba. Alguns jogadores desembarcaram apavorados na base aérea da cidade equatoriana. Contra o Bolívar, a exaustão física que transformou um mágico 5 a 1 em quase trágico 5 a 5 foi definida com exatidão por Dagoberto: “Eu me sentia como se estivesse correndo com o Bolinha nas costas”.
Ferreira
Antes de ser ídolo rubro-negro, Ferreira judiou do Atlético em duas Libertadores, pelo América de Cali. Em 2002, comandou os Diabos no 5 a 0 que decretou a eliminação paranaense. Em 2005, fez gol na vitória por 3 a 1, novamente no Pascual Guerrero.
Nicolás Leoz
Nunca o presidente da Conmebol foi tão legalista como na final de 2005. Leoz exigiu que fosse cumprida a exigência do regulamento de estádio com no mínimo 40 mil lugares para a decisão. Sem poder usar a Arena, o Atlético viu a já difícil missão de bater o poderoso São Paulo tornar-se quase impossivel.
Fabrício
O placar marcava 1 a 0 para o São Paulo, no Morumbi, quando na metade do primeiro tempo o Atlético teve um pênalti a seu favor. Fabrício correu e bateu… no pé da trave. O erro desarmou o Furacão e deixou o jogo propício para a goleada são-paulina.
Todas as campanhas do Atlético na Libertadores
Libertadores-2000
Primeira fase
Alianza Lima 0 x 3 Atlético (16/2)
Gols: Luisinho Netto, Lucas e Kelly.
Atlético 1 x 0 Emelec (9/3)
Gol: Kléber.
Nacional-URU 1 x 3 Atlético (15/3)
Gols: Kelly (2) e Lucas.
Atlético 2 x 1 Alianza Lima (22/3)
Gols: Luisinho Netto e Lucas.
Emelec 0 x 0 Atlétco (4/4)
Atlético 2 x 0 Nacional (12/4)
Gols: Luís Carlos Goiano e Luisinho Netto.
Oitavas de final
Atlético-MG 1 x 0 Atlético (2/5)
Atlético 2 x 1 Atlético-MG (11/5)
Gols: Kelly e Luisinho Netto
Nos pênaltis, 5 x 3 para o Atlético Mineiro.
Libertadores-2002
Primeira fase
Atlético 1 x 2 Bolívar (5/2)
Gol: Alex Mineiro
Olmedo 2 x 1 Atlético (19/2)
Gol: Alessandro
Atlético 1 x 1 América de Cali (27/2)
Gol: Flávio Luís
Bolívar 5 x 5 Atlético (12/3)
Gols: Kleberson, Ilan (2), Dagoberto e Adriano.
Atlético 2 x 0 Olmedo (19/3)
Gols: Luisinho Netto (2)
América de Cali 5 x 0 Atlético (27/3)
Libertadores-2005
Primeira fase
Independiente Medellín 2 x 2 Atlético (15/2)
Gols: Marcão e Dênis Marques
Atlético 1 x 0 Libertad (1º/3)
Gol: Maciel
América de Cali 3 x 1 Atlético (10/3)
Gol: Marín
Atlético 2 x 1 América de Cali (14/4)
Gols: Fabrício e Lima
Libertad 1 x 2 Atlético (20/4)
Gols: Dênis Marques e Maciel
Atlético 0 x 4 Independiente Medellín (10/5)
Oitavas de final
Atlético 2 x 1 Cerro Porteño (19/5)
Gols: Lima e Cléo
Cerro Porteño 2 x 1 Atlético (26/5)
Gol: Lima
Nos pênaltis, 5 x 4 para o Atlético
Quartas de final
Atlético 3 x 2 Santos (1º/6)
Gols: Evandro, Marcão e Lima
Santos 0 x 2 Atlético (15/6)
Gols: Aloísio (2)
Semifinal
Atlético 3 x 0 Chivas (23/6)
Gols: Aloísio, Fernandinho e Fabrício
Chivas 2 x 2 Atlético (30/6)
Gols: Lima (2)
Final
Atlético 1 x 1 São Paulo (6/7)
Gol: Durval
São Paulo 4 x 0 Atlético (14/7)