Marcelo Oliveira e Everton Costa: o falso centroavante foi o pulo do gato treinador em 2012
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Com os dois gols marcados e validados ontem, na Vila Belmiro, o Coritiba chegou a dez no Brasileiro. São dez bolas na rede de nove autores diferentes. A contabilidade da temporada não é muito diferente. Emerson e Lincoln têm 10 gols, seguidos por Everton Ribeiro (9). Qualquer um dos três, sozinhos, fez mais do que todos os 9 de carteirinha juntos. M + CV + L = 7. Sendo M = Marcel (5 gols); CV = Caio Vinícius (2 gols) e L = Leonardo (0 gol). Os números e o histórico de escalações mostram que o Coritiba de 2012 joga sem centroavante. E o crescimento ao longo da temporada comprova que o time aprendeu a jogar assim.

Marcelo Oliveira demorou um pouco a desistir do formato com o 9 tradicional. Era muito mais fácil para ele manter a estrutura tática do ano passado, trocar Bill por Marcel e pronto. Essa formação durou oito partidas, tempo em que Marcel balançou a rede apenas três vezes. O ponto final foi a série de três empates que custou o título do primeiro turno, contra Londrina, Rio Branco e Cianorte.

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Ponto final para Marcel, mas não para o 9 tradicional. Caio Vinícius assumiu a posição contra o Operário. Fez um gol no primeiro minuto, que lhe garantiu a titularidade nas três partidas seguintes. A última foi contra o Toledo, jogo decidido por Marcel – aquele em que o Tanque saiu do banco, fez o gol no finzinho e não comemorou. Ganhou como prêmio a camisa 9 contra J. Malucelli, Iraty e Nacional.

O 0 a 0 em Manaus, na estreia da Copa do Brasil, foi último jogo em que Marcelo Oliveira escalou o time titular com um 9 típico. Marcel começou jogando contra Roma e Atlético Carlinhos Cachoeirense, ambas com os reservas. Nos jogos pra valer, Marcelo Oliveira optou por um 9 mais móvel. Primeiro Anderson Aquino (14 jogos como titular), depois Everton Costa (as oito últimas partidas em que o time titular foi usado, sendo que na primeira, contra o Inter, ele formou dupla com Anderson Aquino). E, enfim, encontrou o Coritiba modelo 2012.

Everton Costa esteve em campo em cada minuto destes oito últimos jogos. Fez o que se espera de um centroavante (gols e assistências) em apenas três: dois gols contra o Vitória, uma assistência contra o Botafogo, um gol contra a Portuguesa. Mesmo com números modestos e sendo bastante criticado pelos torcedores e pela imprensa, Everton Costa tornou-se fundamental para o funcionamento do esquema de jogo do Coritiba. É a movimentação dele que abre espaço para a chegada de Rafinha, Everton Ribeiro e Roberto, esta sim a força ofensiva do Coritiba com bola rolando.

Marcelo Oliveira tem elogiado sistematicamente o desempenho de Everton Costa. Um reconhecimento ao jogador que acabou simbolizando o pulo do gato do treinador nesta temporada. Se em 2011 o Coritiba atingiu seu encaixe com a troca de um zagueiro por um meia, neste ano a chave foi a opção por um atacante mais móvel. O impacto principalmente fora de casa foi enorme, vide o rendimento nos dois últimos terços do jogo com o Flamengo no Engenhão, nos dois primeiros terços da partida contra o São Paulo no Morumbi e o desempenho na Vila Belmiro. O Coxa aprendeu a atacar fora de casa.

Claro, a quantidade de gols perdidos (referência direta a Rio e SP) incomoda. Everton Costa não é um especialista na grande área. E o Coritiba não deve ter um tão cedo. Nos treinos e contra o Atlético Goianiense Marcel mostrou que pode ser uma opção para quando o jogo exigir. Mas um centroavante mesmo, como titular, o Coxa só terá quando Keirrison voltar de fato. E repito o que já escrevi outras vezes. Quando voltar a jogar, Keirrison virá de nove ou dez meses de inatividade. Faltará ritmo de jogo. Faltará também resistência para o esforço muscular que uma partida exige. Portanto, po “Keirrison voltar de fato” entendam “só dá para contar mesmo com ele em 2013”. O próprio clube tem essa noção.

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Portanto, o torcedor terá de se acostumar a esse Coritiba sem um matador. O sucesso do sistema em mata-mata é comprovado, ótimo para quem está na final da Copa do Brasil e tem a Sul-Americana pela frente. Para o Brasileirão, deve servir para, no mínimo, garantir uma campanha sem sustos.