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O rebaixamento à segunda divisão estadual parecia ser o constrangimento supremo que o Paraná poderia enfrentar. Então veio a Federação Paranaense de Futebol e mostrou que o que está ruim sempre pode piorar. A FPF humilha um dos seu filiados mais importantes ao obrigá-lo a bater de porta em porta, implorando aos demais clubes da Série Prata que concordem com a antecipação do torneio de maio para fevereiro, março ou abril.

A justificativa de que não se pode olhar para apenas um clube em um torneio onde jogam dez é rasa, típica da miopia que rege o futebol no estado há duas décadas e meia. Saiu Moura, entrou Cury, mas ficaram alguns dos tumores bem conhecidos da FPF: apego ao poder (lembrem-se, Hélio Cury costurou mudanças estatutárias que permitem a ele seguir na presidência até o início da próxima década), o desejo cego de ganhar dinheiro com o apodrecido Pinheirão e a incapacidade de fazer o mínimo para o futebol paranaense andar pra frente.

Se a Série Prata começar em maio, todos perdem. A FPF é obrigada a acomodar a tabela de modo que o elenco do Paraná tenha 66 horas de descanso entre um jogo e outro. Com a Série B nacional tendo em vários momentos duas rodadas por semana, a conta para a Série B estadual não fecha. Os jogos do Paraná vão ficando pra frente e um torneio que poderia ser encerrado em três meses fatalmente dobrará de tamanho. Se para clubes ou empresários ter apenas três meses de calendário garantido (no caso de as duas divisões do Paranaense serem simultâneas) é péssimo, o que dizer de ter que manter um elenco até o fim do ano, com partidas espaçadas, uma ou duas por mês? Morte na certa.

Para o Paraná, ter que manter um elenco numeroso o suficiente para disputar duas competições ao mesmo tempo (ou três, dependendo do avanço do time na Copa do Brasil) é um enorme problema. Mas um problema que, a médio prazo, afeta todo o estado. Enfraquecido, o Paraná tem mais dificuldade de fazer boas campanhas em torneios nacionais. Se não faz boas campanhas nos torneios nacionais, o Paraná despenca no ranking de clubes da CBF e derruba a pontuação do estado no ranking de federações da CBF.

As duas listas definem quais clubes e quantos representantes por estado disputam a Copa do Brasil (o Paraná joga a de 2012 pelo ranking de clubes) e a Série D do Brasileiro (o futebol paranaense tem duas vagas graças ao desempenho geral das equipes do estado). Se o futebol paranaense perde vaga nas competições nacionais, perde relevância. Se perde relevância, perde capacidade de atrair investimentos, seja patrocínio para os clubes, seja parceiros para a Federação, seja o contrato de transmissão do estadual pela TV.

Todo mundo perde e não precisa raciocinar muito para chegar a essa conclusão. Pena que raciocinar em prol do futebol paranaense não seja prática corrente na FPF. Muito mais fácil humilhar seus filiados.

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