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Há pouco menos de um ano, o Coritiba ostentava uma longa série de vitórias. Faltava o carimbo de um triunfo contra um grande do eixo Rio-São Paulo para mostrar ao Brasil que aquela sequência não havia sido construída somente no Estadual ou contra pequenos da Copa do Brasil. O carimbo veio em alto relevo, com o 6 a 0 sobre o Palmeiras, nas quartas de final do mata-mata nacional. Hoje é o Paraná quem recebe o Palmeiras em Curitiba, pela Copa do Brasil. A fase do torneio é outra e não há uma série de vitórias em jogo. Mas o papel da partida desta noite é o mesmo para o Tricolor: o de significar a afirmação do momento atual do clube.

Afirmação é uma palavra que tem acompanhado demais o Paraná nesta temporada. Surgiu na classificação contra o Luverdense, encorpou-se com o empate no Ceará e foi um dos adjetivos mais usados para a classificação na semana passada, na Vila Capanema. É natural. O Paraná é como um alcoólatra em tratamento. Cada passo, por mais tímido que pareça, deve ser comemorado e valorizado.

Quando me mudei para São Paulo, ano retrasado, fiquei surpreso com o conceito que o Paraná ainda gozava por aqui. Estavam vivas a lembrança dos cinco títulos seguidos nos anos 90 e da participação na Libertadores de 2007. Não havia a noção de que o clube definhava nas mãos dos maus dirigentes. Essa percepção veio apenas com o rebaixamento para a Segunda Divisão estadual. Os mesmos olhos que se arregalaram com a queda para uma divisão semiamadora se voltarão esta noite para a Vila Capanema, curiosos para conhecer um pouco mais o time de Ricardinho, o mais forte elo com o Paraná que o Brasil acostumou-se a conhecer.

A questão é: como cumprir essa expectativa dentro de campo? O Paraná já tem um padrão claro de jogo e precisa que ele funcione. Isso significa Douglas Packer fazer corretamente a transição no meio-campo, com precisão no passe. No confronto com o Ceará, o time cresceu sempre que ele esteve bem. As duplas laterais (Paulo Henrique e Elias; Henrique e Luisinho) devem ter espaço para atacar, diante da característica ofensiva de Cicinho e Juninho, os laterais palmeirenses.

Alex Alves deve ficar vigiando Daniel Carvalho, perigosíssimo na armação, por mais que seu corpinho de barril indique o contrário. A bola alta do Palmeiras é muito forte, seja com Henrique, com gol nos dois úiltimos jogos, seja com Barcos, forte e hábil como pivô. Além, claro, de Marcos Assunção. É inviável pedir que o Paraná não cometa faltas. Mas quanto mais longe do gol elas forem, menor o risco de tomar um gol do dono do Palmeiras.

Mas, acima de técnica e tática, o que dará o tom desse jogo será a questão psicológica. O Paraná terá um estádio lotado a seu favor e toda a energia positiva da eletrizante classificação contra o Ceará. O Palmeiras carrega a pressão de mais uma eliminação – anjinhos palmeirenses foram saudar o elenco ontem, no Afonso Pena – e cada vez menos gente considera Felipão intocável. O desafio será usar este fator adequadamente, sem permitir que o entusiasmo da torcida torne o Paraná um time apressado e ansioso. Se achar o tom certo, o Tricolor terá grande possibilidade de fazer o jogo de hoje um marco da sua reconstrução.

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